São Paulo, domingo, 22 de maio de 2005

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Presidente já acertou saída de Aldo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já acertou com o ministro Aldo Rebelo a sua saída da Coordenação Política num momento em que haja demonstração de força do governo. Pretende compensá-lo apoiando uma eventual candidatura ao governo em Alagoas. E, na prática, passou a articulação política ao ministro José Dirceu (Casa Civil). Dirceu, desde quinta-feira, comanda a operação para tentar barrar a CPI dos Correios.
Anteontem, o ministro peemedebista Eunício Oliveira (Comunicações) e o líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR), foram ao gabinete de Aldo no Palácio do Planalto e souberam que ele viajara para Alagoas. Queriam tratar da estratégia para levar peemedebistas a retirar assinaturas do pedido de abertura da CPI. Foram orientados a procurar Dirceu.
Na quinta-feira, Aldo também se ausentou de Brasília. Procurado por líderes aliados, estava em um evento no Rio Grande do Sul.
Depois de levar Aldo a duas reuniões importantes na semana passada, nas quais sinalizou que ele continuaria ministro da Coordenação Política, Lula não o convidou para um jantar com cinco governadores na Granja do Torto na quarta-feira, mas chamou Dirceu. Só trataram de política.
Na mesma quarta, Aldo participou de uma reunião com Lula e o governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, que está no PDT e que não pode ser candidato à reeleição.
A idéia de Lula é fechar uma aliança com Lessa para o Senado e Aldo (hoje deputado federal pelo PC do B de São Paulo) ao governo. "Ele é muito leal", diz Lula, quando pressionado por petistas a demitir logo Aldo. O presidente quer que PT e PMDB apóiem a eventual candidatura de Aldo.
O presidente do Senado, o peemedebista Renan Calheiros (AL), tem simpatia pela idéia. Renan cogita a candidatura ao governo alagoano, mas preferiria ser reeleito presidente do Senado.
Na avaliação de Lula, ele não pode tirar Aldo do cargo sob pressão pública do PT nem com o ministro em baixa. No entanto, Lula já se convenceu de que o ministro perdeu as condições para ser um coordenador político eficiente.
A hora é de alguém com perfil mais duro, como de José Dirceu (Casa Civil). Lula gostou da entrevista que Dirceu deu ao "Roda Viva", na última segunda-feira. Ele transmitiu imagem de força e autoridade num momento de fraqueza política do governo, que enfrenta grave crise na sua base de sustentação no Congresso, e no qual a oposição sobe o tom por conta das eleições de 2006.
Aldo, de perfil mais conciliador, é minado pelo PT e até por aliados: dos nove deputados federais do seu PC do B (que tem dois ministérios), cinco apóiam a CPI.
(KENNEDY ALENCAR)


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