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PF prepara desmonte de outra organização
Nova investigação também envolveria fraude a licitações públicas e contaria com a participação de outra empreiteira e políticos
Inquérito revela que existe outro grupo "com atuação distinta e sem correlação entre seus agentes" com o do esquema da Gautama
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As mais de mil páginas que
compõem o inquérito sigiloso
da Operação Navalha revelam
que a Polícia Federal investiga
uma outra suposta organização
criminosa além da que seria comandada pelo empreiteiro Zuleido Veras, dono da Gautama.
Essa outra "segunda organização" teria atuação distinta,
mas também caiu na malha da
PF durante as investigações da
Operação Navalha.
Relatório da Procuradoria
Geral da República de 10 de
maio, anexado ao inquérito da
Operação Navalha, diz textualmente, embora não dê detalhes: "Na verdade, trata-se de
dois grupos, com atuações distintas, sem correlação específica entre seus agentes".
Com isso, o Ministério Público solicitou ao STJ (Superior
Tribunal de Justiça) o desmembramento da investigação, tendo sido atendido. A partir de então, os trechos da investigação que diziam respeito
a esse "segundo grupo" foram
cobertos com uma tarja preta
no inquérito da Operação Navalha e formaram outro inquérito, que ainda não veio à tona e
que também correria sob segredo de Justiça.
Empreiteira
Essa investigação também
envolveria fraudes a licitações
públicas e contaria com a participação de outra empreiteira e
de outros políticos que até agora não tiveram os seus nomes
envolvidos na suposta fraude
da Gautama.
No sábado, a ministra do STJ
Eliana Calmon, que preside as
investigações, confirmou à Folha que a Operação Navalha,
que já é uma ramificação iniciada de outra operação realizada
na Bahia, no ano passado, foi
desmembrada "em três pedaços", dando a entender que,
além de um segundo grupo, há
uma terceira ramificação da investigação.
"Essas investigações terminaram ficando muito grandes,
passaram a envolver várias coisas, tanto que elas já foram repartidas em três pedaços, para
não ficar uma coisa imensa",
disse a ministra.
A parte que trata da construtora Gautama e da sua suposta
rede de influência criminosa
em ministérios, governos estaduais e prefeituras veio à tona
na última quinta-feira com a
decretação da prisão de 48 pessoas, entre elas o ex-governador do Maranhão José Reinaldo Tavares e o então superintendente de Produtos e Repasse da Caixa Econômica Federal, Flávio José Pin.
A prisão do atual governador
do Maranhão, Jackson Lago,
foi pedida mas o Superior Tribunal Justiça não autorizou.
Essa é a parte que a PF classifica como "fase ostensiva da investigação", quando são efetuadas as prisões e são feitas as
buscas e apreensões nas casas e
escritórios dos suspeitos.
A outra suposta organização
criminosa investigada ainda seria alvo da fase não-aberta,
quando os suspeitos são monitorados principalmente por
meio de grampos telefônicos,
de escuta ambiental e de acompanhamento por parte dos
agentes federais.
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