São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2000


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CONFLITO
Governador afirma ter informações reservadas de que Planalto treina militares para tentar desestabilizar Estado
FHC ensaia invasão de Minas, diz Itamar

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (sem partido), mais uma vez diz haver tentativa de desestabilização do seu governo sob o patrocínio do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), seu desafeto político.
Dessa vez, as informações do Palácio da Liberdade são de que tropas federais estariam sendo treinadas no interior de São Paulo, no Vale do Ribeira, para invadir Minas Gerais. As informações viriam de "pessoas muito importantes", conforme disse o governador por meio da sua assessoria.
"Os fatos de que tenho conhecimento são extremamente reservados. Só revelarei quando houver necessidade", afirmou Itamar.
O assunto surgiu quando Itamar e o PT, há uma semana, se reuniram para discutir o rompimento em decorrência da greve dos professores. Na reunião com deputados federais petistas, o assessor especial do governo mineiro Alexandre Dupeyrat teria revelado a "trama" do Planalto.
Um dos deputados presentes afirmou que a equipe de Itamar também vê a mão de FHC na greve do magistério estadual -que acabou ontem, após 42 dias-, para "desestabilizar o Estado".
Segundo a assessoria de Itamar, outros fatos "não ficaram bem claros", como o cerco à fazenda de FHC pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Buritis (MG), em novembro de 99, que estava sendo protegida pela PM mineira.
O fato de um caminhão com adubo e soja ter saído da propriedade do presidente durante o cerco foi considerado "uma provocação". O caminhão foi saqueado e a PM não agiu, por ordem de Itamar. Ele retirou a PM e a guarda passou a ser feita pelo Exército.
Ontem, Itamar participou de solenidade na praça da Liberdade e não deu declarações. Foi a pé para o Palácio da Liberdade, cercado por assessores e jornalistas. Dupeyrat esteve fora, em reunião.
O Sind-UTE (sindicato dos professores e servidores da educação), em assembléia, decidiu interpelar Dupeyrat na Justiça por dizer que o governo federal teria patrocinado a greve. Querem processá-lo por calúnia e difamação.
O discurso de Itamar tem sido o de resistir às tentativas de desestabilização do seu governo. Ele está sempre denunciando alguma trama do Palácio do Planalto.
Em 10 de maio, acusou FHC de mandar "mãos invisíveis" intervirem em Minas e disse que resistiria ao confronto mesmo "só com dois oficiais ou dois soldados". "Ninguém vai sitiar Minas enquanto eu estiver aqui", afirmou.


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