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CONFLITO
Governador afirma ter informações reservadas de que Planalto treina militares para tentar desestabilizar Estado
FHC ensaia invasão de Minas, diz Itamar
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O governador de Minas Gerais,
Itamar Franco (sem partido),
mais uma vez diz haver tentativa
de desestabilização do seu governo sob o patrocínio do presidente
Fernando Henrique Cardoso
(PSDB), seu desafeto político.
Dessa vez, as informações do
Palácio da Liberdade são de que
tropas federais estariam sendo
treinadas no interior de São Paulo, no Vale do Ribeira, para invadir Minas Gerais. As informações
viriam de "pessoas muito importantes", conforme disse o governador por meio da sua assessoria.
"Os fatos de que tenho conhecimento são extremamente reservados. Só revelarei quando houver necessidade", afirmou Itamar.
O assunto surgiu quando Itamar e o PT, há uma semana, se
reuniram para discutir o rompimento em decorrência da greve
dos professores. Na reunião com
deputados federais petistas, o assessor especial do governo mineiro Alexandre Dupeyrat teria revelado a "trama" do Planalto.
Um dos deputados presentes
afirmou que a equipe de Itamar
também vê a mão de FHC na greve do magistério estadual -que
acabou ontem, após 42 dias-,
para "desestabilizar o Estado".
Segundo a assessoria de Itamar,
outros fatos "não ficaram bem
claros", como o cerco à fazenda
de FHC pelo MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra), em Buritis (MG), em novembro de 99, que estava sendo
protegida pela PM mineira.
O fato de um caminhão com
adubo e soja ter saído da propriedade do presidente durante o cerco foi considerado "uma provocação". O caminhão foi saqueado
e a PM não agiu, por ordem de
Itamar. Ele retirou a PM e a guarda passou a ser feita pelo Exército.
Ontem, Itamar participou de
solenidade na praça da Liberdade
e não deu declarações. Foi a pé para o Palácio da Liberdade, cercado
por assessores e jornalistas. Dupeyrat esteve fora, em reunião.
O Sind-UTE (sindicato dos professores e servidores da educação), em assembléia, decidiu interpelar Dupeyrat na Justiça por
dizer que o governo federal teria
patrocinado a greve. Querem processá-lo por calúnia e difamação.
O discurso de Itamar tem sido o
de resistir às tentativas de desestabilização do seu governo. Ele está
sempre denunciando alguma trama do Palácio do Planalto.
Em 10 de maio, acusou FHC de
mandar "mãos invisíveis" intervirem em Minas e disse que resistiria ao confronto mesmo "só com
dois oficiais ou dois soldados".
"Ninguém vai sitiar Minas enquanto eu estiver aqui", afirmou.
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