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CASO TRT
CCJ considera processo contra senador constitucional por 15 votos a 5, mais 3 abstenções; votação final será dia 28
Estevão sofre nova derrota no Senado
RAQUEL ULHÔA
FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Luiz Estevão
(PMDB-DF) sofreu nova derrota
ontem no Senado. Por 15 votos a 5
(além de 3 abstenções), a CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) considerou constitucional o
processo de cassação do seu mandato sob a acusação de quebra de
decoro parlamentar e remeteu a
questão para o plenário da Casa.
O presidente da Casa, Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA),
marcou a votação no plenário para a próxima quarta-feira, às 10h,
em sessão extraordinária. A imprensa não terá acesso à sessão,
que será secreta e não será transmitida pela TV Senado. A votação
também será secreta.
Para que a cassação seja aprovada, o processo precisará receber
os votos favoráveis de pelo menos
41 senadores (a maioria absoluta
do plenário).
ACM disse que o Senado deverá
aprovar a cassação, seguindo a
tendência das duas comissões que
já analisaram o pedido -a CCJ e
o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. ""Se duas comissões
procedem assim, é sinal de que o
plenário, embora independente,
pode proceder do mesmo modo."
O presidente do Senado disse
que a Casa tem de zelar pela "moralidade pública" e pela "atuação
dos seus senadores".
Na votação da CCJ foram examinados os aspectos constitucionais, jurídicos e legais do processo
-e não o mérito do pedido.
ACM criticou o tempo dado à
defesa pelo presidente da CCJ, José Agripino (PFL-RN). Estevão e
seus advogados falaram por mais
de duas horas. ""Achei que foi uma
demasia de tempo. Um tempo
enorme. Eles não falaram mais
porque não quiseram."
Os advogados de Luiz Estevão
insistiram em que o processo de
cassação é inconstitucional porque as acusações são anteriores ao
início de seu mandato.
Eles tentaram relacionar a manutenção do mandato do senador
à "preservação das instituições
democráticas" e argumentaram
que o julgamento do senador em
relação a fatos anteriores ao seu
mandato só poderá ser feito pelos
eleitores e pelo Judiciário.
O principal advogado de Estevão, Felipe Amodeo, solicitou à
presidência da CCJ a destituição
do senador Romeu Tuma (PFL-SP) do cargo de relator do processo na comissão.
Ele alegou que Tuma, por ter
"cumprido funções correcionais
anteriores" como integrante do
conselho de ética, não poderia ser
o relator do processo na CCJ. Mas
Agripino indeferiu o pedido.
Estevão falou por mais de uma
hora. Apelou aos sentimentos dos
colegas, agradeceu a Deus e à família e disse que sua cassação significaria rasgar os votos de 460
mil eleitores que o elegeram.
O único senador que o defendeu foi o líder do PMDB no Senado, Jader Barbalho (PA), para
quem a comissão estava votando
sem saber o que era verdade e o
que era mentira nas acusações.
Tuma replicou que os senadores não poderiam julgar ""pelo
sentimento, pelo coração". Ele
lembrou que a CCJ não estaria
condenando Estevão aprovando
o seu parecer, mas apenas dizendo que o conselho de ética seguiu
os princípios constitucionais, jurídicos e legais vigentes.
Estevão é acusado de envolvimento com o esquema que desviou R$169,5 milhões de recursos
públicos destinados à construção
do Fórum Trabalhista de São Paulo, obra até hoje inacabada.
O pedido de cassação foi feito
por representação de sete partidos (PT, PDT, PTB, PSB, PPS, PC
do B e PL), que o acusam de quebra de decoro parlamentar durante as investigações da CPI do
Judiciário sobre as irregularidades da obra do fórum.
O conselho de ética concluiu
que o decoro parlamentar foi quebrado porque Estevão apresentou
versões diferentes à CPI, intimidou funcionários da comissão e
usou o cargo de senador para
conseguir recursos orçamentários para a obra superfaturada.
O Ministério Público Federal
acusa Estevão de ser o verdadeiro
dono da Incal, construtora responsável pela obra do fórum.
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