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PT SOB SUSPEITA
Para promotoria, que vai recorrer, preventiva protegeria testemunhas
Juiz nega pedido de prisão
de acusados de propina do
PT
Tuca Vieira/Folha Imagem
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O juiz Iasin Issa Ahmed, que rejeitou pedido de prisão de acusados |
LILIAN CHRISTOFOLETTI
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça da 1ª Vara Criminal de
Santo André rejeitou ontem o pedido de prisão do secretário de
Serviços Municipais Klinger Luiz
de Oliveira Souza e de outros cinco acusados de extorquir dinheiro
de empresários da cidade para supostamente financiar campanhas
políticas do PT.
Entre os acusados está Sérgio
Gomes da Silva, que dirigia o carro em que estava o prefeito Celso
Daniel, que foi morto, ao ser sequestrado, em janeiro. Os outros
são: Ronan Maria Pinto, Humberto Tarcísio de Castro, Irineu
Nicolino Martin Bianco e Luiz
Marcondes de Freitas Junior.
O juiz da 1ª Vara, Iasin Issa Ahmed, também decidiu manter o
sigilo no processo e estender a todos os réus a chamada defesa preliminar. O recurso é privilégio de
funcionários públicos e significa
que, antes de a denúncia ser recebida, o acusado tem 15 dias para
preparar uma defesa escrita.
A Promotoria de Justiça Criminal de Santo André, que denunciou (acusou formalmente) os
seis supostos envolvidos por formação de quadrilha e concussão
(extorsão praticada por servidor
público), informou que irá recorrer do indeferimento da prisão
preventiva no Tribunal de Justiça
de São Paulo.
O promotor titular do caso, Roberto Wider Filho, afirmou que
irá recorrer apenas da recusa da
prisão preventiva. "Concordamos com o juiz manter o segredo
do processo", afirmou.
Segundo o promotor Amaro José Thomé Filho, a prisão preventiva era importante para proteger
as testemunhas, principalmente
porque Klinger e Sérgio Gomes,
segundo depoimentos, exibiam
armas de fogo para intimidar pessoas. Ontem, depois do indeferimento da prisão, os promotores
começaram a articular a possibilidade de recorrer ao programa estadual de proteção à testemunha.
Um dos possíveis beneficiários
é o médico João Francisco Daniel.
Irmão do prefeito Celso Daniel,
ele contou aos promotores que o
dinheiro extorquido dos empresários de transporte era para financiamento de campanhas petistas. A informação, segundo ele,
partiu de sua ex-cunhada Miriam
Belchior e do ex-secretário de Governo Gilberto Carvalho.
"Procurei a Promotoria para
perguntar sobre a possibilidade
de ter segurança estatal. Mas, felizmente, não me sinto ameaçado
no momento", disse João Francisco, que foi aconselhado a buscar
uma segurança particular, caso
necessário, enquanto não há uma
resposta do Estado.
Perseguição
A Promotoria rechaçou qualquer insinuação de que a investigação sobre irregularidades na
prefeitura petista de Santo André
seja um instrumento de perseguição política contra a candidatura
do presidenciável petista Luiz
Inácio Lula da Silva.
"Só para começar, nenhum de
nós é filiado a partidos políticos. A
investigação começou a partir da
morte do prefeito, em janeiro",
disse um dos quatro promotores
responsáveis pelo caso, José Reinaldo Guimarães Calheiro.
Os promotores informaram
que, a partir da divulgação das denúncias, foram procurados por
pelo menos cinco pessoas que
confirmaram o suposto recolhimento de propina. Dessas cinco,
pelo menos quatro pessoas, ainda
segundo os promotores, são de alguma forma ligadas ao PT.
Os promotores, que desde o início da apuração dividem uma
mesma sala abarrotada com cerca
de 60 mil documentos, têm ainda
quatro vertentes de investigação- além da suposta extorsão
das empresas de transporte. Apuram irregularidades em licitações
de empresas de lixo, em obras públicas e no setor de vigilância e de
segurança de Santo André.
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