Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Petebista diz que soube de esquema
ao ser "obrigado" a deixar empresa
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O deputado federal Duílio Pisaneschi (PTB-SP), 62, diz que soube do esquema de propina em
Santo André depois que foi obrigado, pelo ex-secretário de Transportes Klinger de Oliveira e por
Ronan Maria Pinto, a vender sua
parte na Viação São José.
Representante do setor de
transportes, o deputado não denunciou o fato na época. Alegou
que tinha sido apenas uma conversa com o ex-sócio, Luiz Alberto Ângelo Gabrilli Filho: "Ele me
disse que teria de pagar pedágio".
"Eles queriam ser donos do
transporte total da cidade." Pisaneschi desistiu de sair candidato a
prefeito de Santo André em 2000,
quando Celso Daniel foi reeleito.
Folha - É verdade que o sr. teria
articulado o levantamento de dados para as denúncias?
Duílio Pisaneschi - Não é verdade. Fui convocado para depor no
processo, falei tudo o que sabia.
Vários setores prejudicados fizeram dossiês. Recebi pelo correio.
Folha - Opositor do ex-prefeito e
empresário com interesses contrariados, essa condição não comprometeria o seu depoimento?
Pisaneschi - Não. Eu estou estranhando essa pergunta. Eu era sócio da Viação São José havia mais
de 30 anos. Fui obrigado a sair da
sociedade, em 1994, quando fui
eleito deputado. Fiz doação das
minhas cotas para os meus filhos.
Folha - Eles têm participação?
Pisaneschi - Tinham até 1998.
Foi quando meu sócio me disse
que o secretário [Klinger" e o Ronan, que era interlocutor dele,
queriam que eu saísse da sociedade. Eu era da oposição e eles não
tinham interesse em que eu participasse do transporte da cidade.
Saí do negócio para evitar perseguição.
Folha - Quem fazia a pressão?
Pisaneschi Klinger e Ronan.
Folha - Qual era a ameaça?
Pisaneschi - Colocaram concorrentes nas linhas da empresa. Se
eu estivesse na sociedade, iria denunciar o que eles cobravam.
Folha - Quando o sr. soube que a
Viação São José dava dinheiro?
Pisaneschi - Depois que eu saí.
Meu sócio falou: "Olha, eu tenho
que pagar um pedágio"...
Folha - Por que o sr. não denunciou o fato, na ocasião?
Pisaneschi - Ele falou para mim
conversando. Fiquei sabendo dos
fatos verdadeiros quando fui depor, em março. Aí, teve o depoimento dele [do ex-sócio" e ficou
caracterizado que realmente eles
pagavam. Se eu estivesse lá dentro, teria a obrigação, como homem público, de denunciar.
Folha - O sr. achou que ele deveria continuar dando a propina?
Pisaneschi - Nesses quatro anos,
eles abusaram tanto que meu sócio ficou internado quatro meses
na UTI, no ano passado, e, agora,
mais um mês. Eles acabaram com
a saúde de um homem íntegro,
que tem uma empresa há 40 anos
e que nunca teve esse problema.
Folha - Eles lhe pediram propina?
Pisaneschi - Para mim, não.
Folha - Sobre a propina, há alguma documentação nos autos?
Pisaneschi - Eu não sei dizer. Eu
não conheço os autos. Sei que tem
gente que levou documentos que
caracterizaram pressão, achaque.
Folha - Há prova de que houve dinheiro desviado para o PT?
Pisaneschi - Eu não sei. Como é
que vou falar um negócio desses?
Folha - O sr. sabe por que a Viação São José está sob intervenção?
Pisaneschi - Fiquei sabendo pelos jornais. Foi por causa de uma
concorrência.
Folha - A prefeitura alega que a
empresa tinha solicitado uma mudança ilegal na regras do contrato.
Pisaneschi - Não tenho idéia.
Folha - Qual é a sua relação com o
irmão do Celso Daniel? Ele fazia
lobby para a empresa?
Pisaneschi - Nenhuma relação.
Estão inventando.
Texto Anterior: Leia a íntegra da nota divulgada pelas empresas Próximo Texto: Presidente da CPI afirma que não acredita na existência de caixa dois Índice
|