São Paulo, sábado, 22 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RUMO ÀS ELEIÇÕES

Segundo Antônio Palocci Filho, coordenador do programa de Lula, haveria um "período de transição"

PT quer manter meta de superávit no início

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT manterá a atual meta de superávit primário, de 3,75% do Produto Interno Bruto, pelo menos no início de seu eventual governo e poderá inclusive elevá-la.
Segundo Antônio Palocci, coordenador do programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, os atuais "instrumentos de equilíbrio econômico" usados pelo governo federal "não serão desprezados" num período de transição.
"Vamos assumir com um orçamento que definiu um superávit primário, de 3,75% [do PIB". Se é o que foi aprovado pelo Congresso, vamos assumir e cumprir. Aliás, a situação econômica pode em determinado momento exigir mais que isso", disse ele, que deve divulgar o texto-base do programa de Lula na próxima semana.
O superávit primário é quanto o governo economiza em seu Orçamento para pagar sua dívida.
Na semana passada, o governo aumentou a meta de 3,50% do PIB para 3,75%, para reduzir a desconfiança do mercado de sua capacidade de honrar dívidas. A medida equivale a um aperto na economia, porque o governo corta gastos. "Se a economia permitir, se uma situação saudável da economia permitir, podemos eventualmente mudar [a meta de superávit para baixo"", declarou.
Segundo Palocci, o PT assumirá o governo com o objetivo central de alterar a política econômica, mas os atuais parâmetros serão alterados à medida que for construído um mercado interno "mais saudável e robusto" e houver melhoria da contas externas. "O início do governo começa um processo de mudança", disse.
Ele não quis especificar de quanto tempo seria o período "de transição política e econômica". Disse apenas que será "certamente mais de um mês e esperamos menos que metade do mandato".
A queda na taxa de juros, hoje em 18,50% ao ano, será, segundo Palocci, um "objetivo". "É o que mais nós desejamos, mas precisa dar condições para isso."

Metas de inflação
Já o sistema de metas de inflação seria "aperfeiçoado", mas o programa, de cerca de 50 páginas, não entrará em detalhes de como isso será feito.
Nesta semana, o principal assessor econômico de Lula, Guido Mantega, sugeriu que a meta de inflação se dê pelo sistema de "núcleo", expurgando do índice itens voláteis -eventualmente, combustíveis e alimentos.
Também não haverá compromisso específico com o alongamento da dívida interna, que poderia ser confundido com calote.
"O alongamento se dará naturalmente com a melhora do ambiente econômico", disse Palocci.
Quanto à Lei de Responsabilidade Fiscal, o partido pedirá que seja casada com responsabilidade social. "A regra no PT é responsabilidade. Por que os governos têm meta de gasto com pessoal e não de erradicação de analfabetos?", perguntou o coordenador.
O partido também dirá que a "ruptura" que defende é com o atual modelo, não com a estabilidade ou regras de mercado.
Hoje, em conferência para debater o documento, Lula deverá fazer um pronunciamento, em que deverá denunciar o "terrorismo" econômico do governo. O pronunciamento se destina a tranquilizar o mercado quanto aos objetivos do petista.


Texto Anterior: "Economist" vê pressão sobre Lula
Próximo Texto: PL oferece vaga de vice na chapa de Lula ao PSB
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.