|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUMO ÀS ELEIÇÕES
Segundo Antônio Palocci Filho, coordenador do programa de Lula, haveria um "período de transição"
PT quer manter meta de superávit no início
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT manterá a atual meta de
superávit primário, de 3,75% do
Produto Interno Bruto, pelo menos no início de seu eventual governo e poderá inclusive elevá-la.
Segundo Antônio Palocci, coordenador do programa de governo
de Luiz Inácio Lula da Silva, os
atuais "instrumentos de equilíbrio econômico" usados pelo governo federal "não serão desprezados" num período de transição.
"Vamos assumir com um orçamento que definiu um superávit
primário, de 3,75% [do PIB". Se é
o que foi aprovado pelo Congresso, vamos assumir e cumprir.
Aliás, a situação econômica pode
em determinado momento exigir
mais que isso", disse ele, que deve
divulgar o texto-base do programa de Lula na próxima semana.
O superávit primário é quanto o
governo economiza em seu Orçamento para pagar sua dívida.
Na semana passada, o governo
aumentou a meta de 3,50% do
PIB para 3,75%, para reduzir a
desconfiança do mercado de sua
capacidade de honrar dívidas. A
medida equivale a um aperto na
economia, porque o governo corta gastos. "Se a economia permitir, se uma situação saudável da
economia permitir, podemos
eventualmente mudar [a meta de
superávit para baixo"", declarou.
Segundo Palocci, o PT assumirá
o governo com o objetivo central
de alterar a política econômica,
mas os atuais parâmetros serão
alterados à medida que for construído um mercado interno "mais
saudável e robusto" e houver melhoria da contas externas. "O início do governo começa um processo de mudança", disse.
Ele não quis especificar de
quanto tempo seria o período "de
transição política e econômica".
Disse apenas que será "certamente mais de um mês e esperamos
menos que metade do mandato".
A queda na taxa de juros, hoje
em 18,50% ao ano, será, segundo
Palocci, um "objetivo". "É o que
mais nós desejamos, mas precisa
dar condições para isso."
Metas de inflação
Já o sistema de metas de inflação
seria "aperfeiçoado", mas o programa, de cerca de 50 páginas,
não entrará em detalhes de como
isso será feito.
Nesta semana, o principal assessor econômico de Lula, Guido
Mantega, sugeriu que a meta de
inflação se dê pelo sistema de "núcleo", expurgando do índice itens
voláteis -eventualmente, combustíveis e alimentos.
Também não haverá compromisso específico com o alongamento da dívida interna, que poderia ser confundido com calote.
"O alongamento se dará naturalmente com a melhora do ambiente econômico", disse Palocci.
Quanto à Lei de Responsabilidade Fiscal, o partido pedirá que
seja casada com responsabilidade
social. "A regra no PT é responsabilidade. Por que os governos têm
meta de gasto com pessoal e não
de erradicação de analfabetos?",
perguntou o coordenador.
O partido também dirá que a
"ruptura" que defende é com o
atual modelo, não com a estabilidade ou regras de mercado.
Hoje, em conferência para debater o documento, Lula deverá
fazer um pronunciamento, em
que deverá denunciar o "terrorismo" econômico do governo. O
pronunciamento se destina a
tranquilizar o mercado quanto
aos objetivos do petista.
Texto Anterior: "Economist" vê pressão sobre Lula Próximo Texto: PL oferece vaga de vice na chapa de Lula ao PSB Índice
|