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Leonel Brizola morre de infarto aos 82
Ex-governador havia sido internado no Rio à tarde com febre e dores no corpo; depois, teve uma parada respiratória
DA SUCURSAL DO RIO
Ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, Leonel
de Moura Brizola morreu às
21h20 de ontem, aos 82 anos, no
Rio, de infarto decorrente de
complicações infecciosas. Trabalhista histórico, o presidente nacional do PDT foi líder, em 1961,
da "cadeia da legalidade", destinada a garantir a posse na Presidência do petebista João Goulart,
após a renúncia de Jânio Quadros.
Nascido em 22 de janeiro de
1922 na vila de Cruzinha (RS)
-que então ficava no município
de Passo Fundo e hoje é parte de
Carazinho-, Leonel Brizola, que
comia e bebia moderadamente e
se orgulhava de jamais ter tido
uma doença séria, havia sido internado no início da tarde de ontem no hospital São Lucas, em
Copacabana, com febre, dores no
corpo e disenteria, sintomas que
sentia havia quatro dias e que surgiram durante uma viagem ao
Uruguai, de onde ele voltara na
última quinta-feira.
Ele chegou ao hospital em cadeira de rodas e, segundo seu assessor de imprensa, Fernando
Brito, suspeitava de uma gripe ou
até mesmo de uma ameaça de
pneumonia. Brizola estava fazendo exames quando, segundo o
médico Marcos Batista, sofreu
uma parada respiratória, depois
diagnosticada como infarto. Levado para o CTI (Centro de Tratamento Intensivo) do hospital,
morreu poucas horas depois.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva decretou luto oficial de três
dias. O corpo de Brizola será velado no Palácio Guanabara, sede do
governo do Estado. No caminho,
passará pelo Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) Tancredo Neves, no Catete (zona sul),
o primeiro "brizolão" inaugurado
pelo ex-governador no Rio. O desejo da família é que o corpo seja
enterrado em São Borja (RS), ao
lado dos túmulos de sua mulher,
Neusa Brizola, e do presidente
João Goulart (1961-1964). Brizola
deixa três filhos e quatro netos.
Ontem, às 22h30, após a exibição da pré-estréia do filme "Pelé
Eterno", o locutor do Teatro Municipal do Rio anunciou a morte
do ex-governador do Rio. O público fez um minuto de silêncio.
O gaúcho Brizola foi a pessoa
que "melhor representou o getulismo" no Brasil, definiu ontem a
historiadora Celina Vargas do
Amaral Peixoto, neta do ex-presidente Getúlio Vargas (1930-1945 e
1951-1954). O assessor Fernando
Brito disse que o ex-governador
estava bem durante o dia de ontem e que chegou a conversar durante uma hora com ele sobre política, antes da internação.
Na noite de domingo, ele teve
uma reunião em seu apartamento, na avenida Atlântica, com a
governadora Rosinha Matheus
(PMDB) e seu marido, Anthony
Garotinho, e com deputado federal Moreira Franco (PMDB-RJ).
Moreira, ex-inimigo político, e
Garotinho, ex-aliado que rompeu
com Brizola em 2000, quando deixou o PDT, negociavam uma
aliança para a eleição municipal
do Rio. Pessoas próximas ao casal
Garotinho disseram ontem que o
PMDB chegou a oferecer apoio a
uma candidatura de Brizola à prefeitura, abrindo mão do pré-candidato do partido, o vice-governador Luiz Paulo Conde.
A notícia da morte de Brizola,
de quem os principais políticos do
Rio são herdeiros, causou comoção entre correligionários, admiradores e ex-aliados.
Rosinha chegou chorando ao
hospital São Lucas, acompanhada
de Garotinho, por volta das 21h30.
Também foram ao hospital o arquiteto Oscar Niemeyer, a cantora Beth Carvalho e o ator Hugo
Carvana, entre outros.
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