São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Leonel Brizola morre de infarto aos 82

Ex-governador havia sido internado no Rio à tarde com febre e dores no corpo; depois, teve uma parada respiratória

DA SUCURSAL DO RIO

Ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, Leonel de Moura Brizola morreu às 21h20 de ontem, aos 82 anos, no Rio, de infarto decorrente de complicações infecciosas. Trabalhista histórico, o presidente nacional do PDT foi líder, em 1961, da "cadeia da legalidade", destinada a garantir a posse na Presidência do petebista João Goulart, após a renúncia de Jânio Quadros.
Nascido em 22 de janeiro de 1922 na vila de Cruzinha (RS) -que então ficava no município de Passo Fundo e hoje é parte de Carazinho-, Leonel Brizola, que comia e bebia moderadamente e se orgulhava de jamais ter tido uma doença séria, havia sido internado no início da tarde de ontem no hospital São Lucas, em Copacabana, com febre, dores no corpo e disenteria, sintomas que sentia havia quatro dias e que surgiram durante uma viagem ao Uruguai, de onde ele voltara na última quinta-feira.
Ele chegou ao hospital em cadeira de rodas e, segundo seu assessor de imprensa, Fernando Brito, suspeitava de uma gripe ou até mesmo de uma ameaça de pneumonia. Brizola estava fazendo exames quando, segundo o médico Marcos Batista, sofreu uma parada respiratória, depois diagnosticada como infarto. Levado para o CTI (Centro de Tratamento Intensivo) do hospital, morreu poucas horas depois.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou luto oficial de três dias. O corpo de Brizola será velado no Palácio Guanabara, sede do governo do Estado. No caminho, passará pelo Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) Tancredo Neves, no Catete (zona sul), o primeiro "brizolão" inaugurado pelo ex-governador no Rio. O desejo da família é que o corpo seja enterrado em São Borja (RS), ao lado dos túmulos de sua mulher, Neusa Brizola, e do presidente João Goulart (1961-1964). Brizola deixa três filhos e quatro netos.
Ontem, às 22h30, após a exibição da pré-estréia do filme "Pelé Eterno", o locutor do Teatro Municipal do Rio anunciou a morte do ex-governador do Rio. O público fez um minuto de silêncio.
O gaúcho Brizola foi a pessoa que "melhor representou o getulismo" no Brasil, definiu ontem a historiadora Celina Vargas do Amaral Peixoto, neta do ex-presidente Getúlio Vargas (1930-1945 e 1951-1954). O assessor Fernando Brito disse que o ex-governador estava bem durante o dia de ontem e que chegou a conversar durante uma hora com ele sobre política, antes da internação.
Na noite de domingo, ele teve uma reunião em seu apartamento, na avenida Atlântica, com a governadora Rosinha Matheus (PMDB) e seu marido, Anthony Garotinho, e com deputado federal Moreira Franco (PMDB-RJ).
Moreira, ex-inimigo político, e Garotinho, ex-aliado que rompeu com Brizola em 2000, quando deixou o PDT, negociavam uma aliança para a eleição municipal do Rio. Pessoas próximas ao casal Garotinho disseram ontem que o PMDB chegou a oferecer apoio a uma candidatura de Brizola à prefeitura, abrindo mão do pré-candidato do partido, o vice-governador Luiz Paulo Conde.
A notícia da morte de Brizola, de quem os principais políticos do Rio são herdeiros, causou comoção entre correligionários, admiradores e ex-aliados.
Rosinha chegou chorando ao hospital São Lucas, acompanhada de Garotinho, por volta das 21h30. Também foram ao hospital o arquiteto Oscar Niemeyer, a cantora Beth Carvalho e o ator Hugo Carvana, entre outros.


Texto Anterior: Janio de Freitas: Poderes necessários
Próximo Texto: Herdeiro político de Vargas, pedetista encampou múltis
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.