São Paulo, sábado, 22 de julho de 2000


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PÚBLICO X PRIVADO
Ex-assessor encontrou 31 ligações dele próprio para Nicolau
Mesmo sob pressão, EJ tem prometido lealdade a FHC

Ichiro Guerra/Folha Imagem
O presidente FHC, o vice Marco Maciel e os ministros José Gregori (Justiça) e Pimenta da Veiga (Comunicações), no jantar do PFL


FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de sua grande instabilidade emocional, o ex-ministro Eduardo Jorge Caldas Pereira tem dito a interlocutores e amigos que se manterá sempre fiel e leal ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
Essa posição de EJ é constante, mesmo em seus momentos de depressão. A Folha apurou que o ex-assessor presidencial não faz nenhum tipo de ameaça a FHC ou a membros do governo.
Sua única preocupação no momento é tentar esclarecer a natureza de suas atividades profissionais recentes -e o contato que manteve com o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, acusado de participar do desvio de R$ 169 milhões de uma obra do Tribunal Regional do Trabalho paulista.
A estratégia de defesa de EJ está montada. Baseia-se em duas premissas: 1) que seu relacionamento com o ex-juiz Nicolau era apenas protocolar e institucional; 2) que seus bens são compatíveis com sua renda familiar.
No caso dos telefonemas que trocou com Nicolau, há um dado surpreendente que EJ pretende divulgar na semana que vem: o número e data das ligações que ele próprio fez ao ex-juiz a partir do Palácio do Planalto.

Levantamento pronto
O levantamento já está pronto: além das 117 ligações que recebeu, constantes do relatório da CPI do Judiciário, EJ identificou 31 telefonemas seus para o ex-presidente do TRT paulista Nicolau dos Santos Neto. Ao todo, portanto, segundo as contas do ex-ministro, há 148 telefonemas.
Minucioso, EJ analisou cada um desses telefonemas e diz ter concluído que houve apenas 29 conversas entre ele e Nicolau. O restante seriam chamadas curtas, de um a três minutos. Segundo ele, isso configuraria apenas um contato entre secretárias.
Outro trunfo que EJ diz ter para apresentar são as datas em que teriam se dado essas 29 conversas telefônicas com o ex-juiz: não coincidiriam com nenhuma liberação de verbas para a obra do TRT paulista.
Além disso, sempre segundo a defesa de EJ, os 29 telefonemas entre o ex-assessor presidencial e o ex-juiz ocorreram em datas próximas a nomeações de juízes classistas e togados.
Um dos principais argumentos de EJ é que seus contatos com Nicolau tinham o objetivo de coletar informações para o Palácio do Planalto sobre nomeação de juízes trabalhistas.
Essas informações ainda não foram entregues ao Ministério Público porque, embora disponha de cópia informal, EJ prefere recebê-las oficialmente do Palácio do Planalto.
O seu advogado nesse caso, José Gerardo Grossi, protocolou no Planalto um pedido de informações sobre os telefonemas. Espera receber os dados até a semana que vem.
O sistema de telefones do Palácio do Planalto registra todas as ligações feitas e recebidas.
Para recuperar os dados, basta fazer o levantamento nos computadores da Secretaria Geral da Presidência -da qual Eduardo Jorge foi o titular por cerca de quatro anos, de 95 a 98.

Imposto de Renda
Além dessas informações, EJ pretende também apresentar suas declarações de Imposto de Renda desde quando entrou para o Poder Executivo acompanhando FHC, em 1992, no Ministério das Relações Exteriores.
Apresentará também as de sua mulher, Lídice, e as de quatro empresas nas quais tem participação acionária.


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