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EJ é principal tema na festa de Maciel
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A comemoração dos 60 anos do
vice-presidente da República,
Marco Maciel (PFL), era para tentar demonstrar que o governo está tranquilo e a família governista,
unida. Uma parte da família, entretanto, simplesmente não apareceu: o PMDB.
O presidente do partido, senador Jader Barbalho (PA), o presidente da Câmara, Michel Temer
(SP), o líder na Câmara, Geddel
Vieira Lima (BA), os ministros e
os parlamentares do PMDB não
participaram. PMDB e PFL disputam a presidência do Senado.
Por telefone, Jader disse que tinha ligado para o aniversariante,
jurou que é "amigo pessoal" de
Maciel e alegou estar muito longe,
em Belém. Depois, arrematou a
ironia: "É recesso, não é?"
O principal assunto nas rodinhas que se formaram na festa,
quinta-feira à noite, foi o envolvimento do ex-secretário-geral da
Presidência Eduardo Jorge Caldas
Pereira no desvio de verbas do
TRT-SP. O tom, entretanto, foi de
defesa do presidente Fernando
Henrique Cardoso, que chegou às
23h com a mulher, Ruth.
Neste seu primeiro compromisso público em Brasília depois do
surgimento do nome de EJ no escândalo, FHC tomou dois cuidados: não falou nada na chegada e
na saída e se isolou com um grupo
restrito num amplo salão.
As brincadeiras nesse grupo,
conforme a Folha apurou, simbolizavam a principal preocupação
governista neste momento: inocentar FHC de qualquer suspeita
e ratificar sua imagem de presidente austero.
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), lembrou sua
própria fama de pão-duro e contou que surpreendeu sua mulher,
Ana Elisa, ao pedir que comprasse um "presente especial" para o
vice-presidente: um "corte de tecido tropical", já que Maciel, excessivamente magro e alto, sempre encomenda ternos a alfaiates.
FHC, que cultiva a mesma fama,
contou que pedira emprestado
US$ 200 a um amigo durante uma
viagem a Paris. Na volta ao Brasil,
devolveu os mesmos US$ 200, intocados. Não gastara um centavo.
Inocêncio reagiu: "O senhor me
ganhou, presidente".
Inocêncio, que circulou antes e
depois pelos salões defendendo
FHC, parecia em campanha para
a presidência da Câmara. Escapou de concorrência. Seu principal adversário, Aécio Neves
(PSDB), não apareceu.
FHC também brincou com o
ministro José Serra (Saúde), dizendo que ele está ficando "igualzinho" ao ex-governador Franco
Montoro, já falecido, que sempre
trocava o nome das pessoas. Outro ministro tucano presente à
festa, além de Serra, foi Pimenta
da Veiga (Comunicações).
Na roda com o presidente e Maciel estavam Serra, Pimenta, José
Gregori (Justiça) e Inocêncio,
além do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).
Em comum, os ministros tentavam escapar das perguntas dos
jornalistas sobre a crise. "Não sei
nada da prisão do ex-juiz Nicolau", avisava logo Gregori.
Cercado por três jornalistas, Pedro Parente (Casa Civil) tentava
brincar quando foi salvo pelo governador Jaime Lerner, que é do
Paraná. Lerner já chegou lamentando o vazamento de petróleo no
seu Estado. "Mancha por mancha, e o Eduardo Jorge?" -desviou um dos repórteres para Parente. Ele nem respondeu. Alegando que "precisava acordar cedo", se despediu e foi embora.
Como o presidente do Senado,
Antonio Carlos Magalhães (BA),
está na Europa e não foi, uma das
brincadeiras é que os convidados
poderiam falar tudo, acertar tudo,
sem problemas. Como já disse
ACM e reza a lenda, "jantar ao
qual ACM não vai não vale".
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