São Paulo, sábado, 22 de julho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EJ é principal tema na festa de Maciel

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A comemoração dos 60 anos do vice-presidente da República, Marco Maciel (PFL), era para tentar demonstrar que o governo está tranquilo e a família governista, unida. Uma parte da família, entretanto, simplesmente não apareceu: o PMDB.
O presidente do partido, senador Jader Barbalho (PA), o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), o líder na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), os ministros e os parlamentares do PMDB não participaram. PMDB e PFL disputam a presidência do Senado.
Por telefone, Jader disse que tinha ligado para o aniversariante, jurou que é "amigo pessoal" de Maciel e alegou estar muito longe, em Belém. Depois, arrematou a ironia: "É recesso, não é?"
O principal assunto nas rodinhas que se formaram na festa, quinta-feira à noite, foi o envolvimento do ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira no desvio de verbas do TRT-SP. O tom, entretanto, foi de defesa do presidente Fernando Henrique Cardoso, que chegou às 23h com a mulher, Ruth.
Neste seu primeiro compromisso público em Brasília depois do surgimento do nome de EJ no escândalo, FHC tomou dois cuidados: não falou nada na chegada e na saída e se isolou com um grupo restrito num amplo salão.
As brincadeiras nesse grupo, conforme a Folha apurou, simbolizavam a principal preocupação governista neste momento: inocentar FHC de qualquer suspeita e ratificar sua imagem de presidente austero.
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), lembrou sua própria fama de pão-duro e contou que surpreendeu sua mulher, Ana Elisa, ao pedir que comprasse um "presente especial" para o vice-presidente: um "corte de tecido tropical", já que Maciel, excessivamente magro e alto, sempre encomenda ternos a alfaiates.
FHC, que cultiva a mesma fama, contou que pedira emprestado US$ 200 a um amigo durante uma viagem a Paris. Na volta ao Brasil, devolveu os mesmos US$ 200, intocados. Não gastara um centavo. Inocêncio reagiu: "O senhor me ganhou, presidente".
Inocêncio, que circulou antes e depois pelos salões defendendo FHC, parecia em campanha para a presidência da Câmara. Escapou de concorrência. Seu principal adversário, Aécio Neves (PSDB), não apareceu.
FHC também brincou com o ministro José Serra (Saúde), dizendo que ele está ficando "igualzinho" ao ex-governador Franco Montoro, já falecido, que sempre trocava o nome das pessoas. Outro ministro tucano presente à festa, além de Serra, foi Pimenta da Veiga (Comunicações).
Na roda com o presidente e Maciel estavam Serra, Pimenta, José Gregori (Justiça) e Inocêncio, além do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).
Em comum, os ministros tentavam escapar das perguntas dos jornalistas sobre a crise. "Não sei nada da prisão do ex-juiz Nicolau", avisava logo Gregori.
Cercado por três jornalistas, Pedro Parente (Casa Civil) tentava brincar quando foi salvo pelo governador Jaime Lerner, que é do Paraná. Lerner já chegou lamentando o vazamento de petróleo no seu Estado. "Mancha por mancha, e o Eduardo Jorge?" -desviou um dos repórteres para Parente. Ele nem respondeu. Alegando que "precisava acordar cedo", se despediu e foi embora.
Como o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (BA), está na Europa e não foi, uma das brincadeiras é que os convidados poderiam falar tudo, acertar tudo, sem problemas. Como já disse ACM e reza a lenda, "jantar ao qual ACM não vai não vale".


Texto Anterior: Público X Privado: Mesmo sob pressão, EJ tem prometido lealdade a FHC
Próximo Texto: Plano para prender juiz está "avançado", diz PF
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.