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CASO TRT
Registros telefônicos indicam que Fábio Monteiro de Barros, um dos donos da Incal, ligou para o ex-secretário da Presidência
Monteiro de Barros, da Incal, contatou EJ
SÔNIA FILGUEIRAS
MALU GASPAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os registros telefônicos reunidos pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Judiciário revelam que, além do ex-juiz
Nicolau dos Santos Neto, o empresário Fábio Monteiro de Barros, um dos donos da Incal, construtora da obra superfaturada do
Fórum Trabalhista de São Paulo,
também ligou para o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo
Jorge Caldas Pereira.
Foram pelo menos cinco chamadas entre dezembro de 1994 e
julho de 1996. As duas primeiras
ligações, ambas feitas em 7 de dezembro de 1994 e com um intervalo de três minutos, foram para o
número do apartamento de EJ,
em Brasília.
Nessa época, Eduardo Jorge havia encerrado a tarefa de coordenador de campanha de Fernando
Henrique Cardoso.
O presidente ainda não havia
tomado posse, mas já se sabia que
EJ ocuparia o posto de secretário-geral no Palácio do Planalto.
Os outros três telefonemas foram para o gabinete de Eduardo
Jorge no terceiro andar do Planalto, nos números 211-1224 e 211-1225.
Em quatro casos, as chamadas
são originárias do escritório de
Monteiro de Barros nas suas empresas. Na ligação feita em 31 de
julho de 1996, o empresário usou
seu telefone pessoal.
Nesse mesmo dia, logo em seguida, o ex-juiz Nicolau telefonou
quatro vezes, entre 14h30 e 17h14.
As ligações de Monteiro de Barros foram rápidas. Duraram um
minuto cada uma.
"São tentativas nitidamente
frustradas", diz o advogado de
Eduardo Jorge, José Gerardo
Grossi. O advogado não explica os
motivos que levaram o dono da
Incal a procurar o assessor de
FHC.
No caso dos contatos com Nicolau, Eduardo Jorge vem afirmando que as conversas tratavam da
indicação de juizes classistas alinhados com o Plano Real.
EJ nega que tenha tratado da
construção do fórum com Nicolau. Mas Fábio Monteiro de Barros não tinha nenhuma relação
com a Justiça do Trabalho a não
ser a obra do fórum.
Contatos
Conforme os dados da CPI, o
empresário e o ex-juiz já faziam
contatos com o Planalto no governo de Fernando Collor (1990-1992). Constam outras três ligações do escritório de Monteiro de
Barros na Incal, também de um
minuto, para o mesmo gabinete,
na época ocupado pelo embaixador Marcos Coimbra.
Para o embaixador, Nicolau telefonou uma vez.
O fato de o dono da Incal também ligar para Eduardo Jorge, até
agora, era desconhecido.
Nem a CPI do Judiciário, que
chegou a divulgar os telefonemas
do ex-juiz para o ex-assessor de
Fernando Henrique, havia revelado esses telefonemas antes.
A Folha apurou que CPI preferiu manter em sigilo as ligações
feitas para gabinetes de políticos
sob o argumento de que a divulgação desses dados poderia desviar o foco das investigações.
Ontem, a Folha publicou parte
dessas chamadas feitas principalmente para o senador Romeu Tuma (PFL-SP) e para o diretor-geral do TST (Tribunal Superior do
Trabalho), José Geraldo Lopes de
Araújo.
A reportagem revelou também
que Eduardo Jorge recebia ligações do ex-juiz mesmo depois de
ter deixado o cargo no Planalto e
passado a atuar como consultor.
A maior parte das 400 mil ligações
apuradas pela CPI, no entanto,
continuam sem rastreamento.
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