São Paulo, sábado, 22 de julho de 2000


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CASO TRT
Registros telefônicos indicam que Fábio Monteiro de Barros, um dos donos da Incal, ligou para o ex-secretário da Presidência
Monteiro de Barros, da Incal, contatou EJ

SÔNIA FILGUEIRAS
MALU GASPAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os registros telefônicos reunidos pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Judiciário revelam que, além do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, o empresário Fábio Monteiro de Barros, um dos donos da Incal, construtora da obra superfaturada do Fórum Trabalhista de São Paulo, também ligou para o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira.
Foram pelo menos cinco chamadas entre dezembro de 1994 e julho de 1996. As duas primeiras ligações, ambas feitas em 7 de dezembro de 1994 e com um intervalo de três minutos, foram para o número do apartamento de EJ, em Brasília.
Nessa época, Eduardo Jorge havia encerrado a tarefa de coordenador de campanha de Fernando Henrique Cardoso.
O presidente ainda não havia tomado posse, mas já se sabia que EJ ocuparia o posto de secretário-geral no Palácio do Planalto.
Os outros três telefonemas foram para o gabinete de Eduardo Jorge no terceiro andar do Planalto, nos números 211-1224 e 211-1225.
Em quatro casos, as chamadas são originárias do escritório de Monteiro de Barros nas suas empresas. Na ligação feita em 31 de julho de 1996, o empresário usou seu telefone pessoal.
Nesse mesmo dia, logo em seguida, o ex-juiz Nicolau telefonou quatro vezes, entre 14h30 e 17h14.
As ligações de Monteiro de Barros foram rápidas. Duraram um minuto cada uma.
"São tentativas nitidamente frustradas", diz o advogado de Eduardo Jorge, José Gerardo Grossi. O advogado não explica os motivos que levaram o dono da Incal a procurar o assessor de FHC.
No caso dos contatos com Nicolau, Eduardo Jorge vem afirmando que as conversas tratavam da indicação de juizes classistas alinhados com o Plano Real.
EJ nega que tenha tratado da construção do fórum com Nicolau. Mas Fábio Monteiro de Barros não tinha nenhuma relação com a Justiça do Trabalho a não ser a obra do fórum.

Contatos
Conforme os dados da CPI, o empresário e o ex-juiz já faziam contatos com o Planalto no governo de Fernando Collor (1990-1992). Constam outras três ligações do escritório de Monteiro de Barros na Incal, também de um minuto, para o mesmo gabinete, na época ocupado pelo embaixador Marcos Coimbra.
Para o embaixador, Nicolau telefonou uma vez.
O fato de o dono da Incal também ligar para Eduardo Jorge, até agora, era desconhecido.
Nem a CPI do Judiciário, que chegou a divulgar os telefonemas do ex-juiz para o ex-assessor de Fernando Henrique, havia revelado esses telefonemas antes.
A Folha apurou que CPI preferiu manter em sigilo as ligações feitas para gabinetes de políticos sob o argumento de que a divulgação desses dados poderia desviar o foco das investigações.
Ontem, a Folha publicou parte dessas chamadas feitas principalmente para o senador Romeu Tuma (PFL-SP) e para o diretor-geral do TST (Tribunal Superior do Trabalho), José Geraldo Lopes de Araújo.
A reportagem revelou também que Eduardo Jorge recebia ligações do ex-juiz mesmo depois de ter deixado o cargo no Planalto e passado a atuar como consultor. A maior parte das 400 mil ligações apuradas pela CPI, no entanto, continuam sem rastreamento.


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