LILIAN CHRISTOFOLETTI
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-juiz Nicolau do Santos Neto constituiu uma holding que, segundo o Ministério Público Federal, visava gerenciar empresas e contas bancárias que mantém no exterior. Fundada em 1998, a NMS Comercial está registrada no mesmo endereço da casa do ex-juiz, em São Paulo.
Para a Procuradoria, o capital social da empresa de R$ 314,22 mil é incompatível com os rendimentos do ex-juiz. Apesar de foragido da Justiça, Nicolau ainda recebe aposentadoria de cerca de R$ 10 mil por mês.
O advogado do ex-juiz Nicolau, Alberto Zacharias Toron, disse que se pronunciaria sobre o caso apenas após tomar conhecimento da empresa, caso seja anexada aos autos do processo.
A NMS Comercial está registrada no mesmo endereço da casa do ex-juiz, na rua Amarilis 183, Cidade Jardim (zona sudoeste de São Paulo).
O Ministério Público acredita que as letras que formam o nome da empresa podem ser uma referência ao nome do ex-juiz e da mulher dele, Maria da Glória Bairão do Santos. A NMS Comercial possui Maria da Glória como sócia-gerente da holding e o ex-juiz é o sócio da empresa.
A holding foi fundada em 13 de fevereiro de 1998. O ex-juiz se aposentou em 15 de julho daquele ano e, como funcionário público na ativa, não poderia ser sócio-gerente da NMS Comercial.
O ex-juiz Nicolau do Santos Neto é réu de um processo criminal no qual é acusado de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
A Procuradoria investiga agora se por meio da NMS Comercial o ex-juiz desviou parte dos recursos do fórum para o exterior.
Entre as empresas que supostamente seriam controladas pela holding NMS Comercial está a Hill Side Trading, cuja sede está localizada no Panamá.
Segundo o Ministério Público, a Hill Side Trading é a proprietária do apartamento que o ex-juiz mantém em Miami (EUA) e que está à venda. A Procuradoria ainda não tem provas de que a Hill Side pertence ao ex-juiz.
Para o Ministério Público, a holding controlaria também as contas que o ex-juiz Nicolau do Santos Neto mantém no exterior.
Ele manteve contas no exterior, sem explicar a origem do dinheiro. Investigações da CPI do Judiciário detectaram US$ 6 milhões em uma conta no banco Santander na Suíça. A AGU (Advocacia Geral da União) contratou o escritório de advocacia norte-americano Arnold & Porter para tentar resgatar o dinheiro depositado no exterior em nome do ex-juiz.


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