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Justiça solicita informações à PF
sobre a saída de banqueiro do país
DA SUCURSAL DO RIO
A Justiça Federal encaminhou
ontem um ofício à Delegacia Marítima, Aérea e de Fronteiras, da
Polícia Federal, requerendo informações sobre quando o banqueiro Salvatore Alberto Cacciola, dono do banco Marka, deixou o
país, por que meio, com que destino e usando qual passaporte.
A PF, encarregada de localizar
Cacciola, informou que ainda não
existem pistas sobre o paradeiro
dele. Como o banqueiro tem dupla cidadania (brasileira e italiana), não será possível prendê-lo,
caso tenha ido para a Itália ou para outro país com o qual o Brasil
não tenha acordo de extradição. A
Interpol foi acionada e as buscas
continuam.
O juiz Abel Fernandes Gomes,
da 6ª Vara Federal do Rio, acrescentou ontem mais um fundamento ao pedido de prisão preventiva do banqueiro.
O pedido, que antes mencionava apenas a probabilidade de fuga, teve acrescentada a necessidade de assegurar a aplicação penal,
o que, na prática, dificulta possíveis argumentos contra a decretação da prisão por seus advogados.
Cacciola é considerado um foragido da Justiça.
O Procurador do Ministério Público Federal Artur Gueiros lamentou ontem a suposta fuga para o exterior de Cacciola, um dos
réus no processo que apura a ajuda do Banco Central aos bancos
Marka e FonteCindam, em janeiro do ano passado.
"Esse fato só aumenta a sensação de impunidade diante desse
tipo de criminalidade", disse
Gueiros, um dos autores da denúncia de que o socorro do BC
custou R$ 1,6 bilhão aos cofres
públicos. Gueiros acredita que
Salvatore Cacciola não tenha saído do Brasil pelos aeroportos.
O procurador afirmou que a PF
estava de sobreaviso e comunicaria o fato ao Ministério Público,
embora não pudesse prender o
dono do banco Marka.
Prisão extravagante
Ao determinar a libertação de
Salvatore Cacciola, há oito dias, o
vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio de Mello, considerou "extravagante" sua prisão preventiva.
O ministro tentou minimizar as
chances de o banqueiro fugir do
país - principal argumento dos
procuradores da República quando pediram sua prisão, em 7 de
junho. No despacho, Marco Aurélio Mello destacava que Cacciola era "o único dos 14 denunciados" (são 13, na verdade) sob a
"custódia do Estado".
Ele afirmava que qualquer acusado "pode deixar o distrito de
culpa, arcando com as conseqüências próprias".
O ministro mencionava a dupla
cidadania de Cacciola, mas acrescentava que "o receio de viagem
sem volta ao exterior" poderia ser
evitada pela polícia dos portos.
Dizia o ministro ainda que "(Cacciola) possui raízes no país, para
aqui tendo vindo em tenra idade e
se estabelecido, constituindo família e se projetando no campo
profissional". "O instituto da prisão preventiva coloca-se no campo da absoluta excepcionalidade", afirmava Marco Aurélio.
O Ministério Público Federal recorreu da liminar e conseguiu
cassá-la. Com isso, a prisão preventiva do banqueiro foi novamente decretada.
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