São Paulo, sábado, 22 de julho de 2000


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OPERAÇÃO CONDOR
Ex-sindicalista foi presa, em 1978, por soldados uruguaios
Uruguaia relata torturas a juiz

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O Brasil foi incluído nas investigações do juiz espanhol Baltasar Garzón, que pôs o ex-ditador Augusto Pinochet na cadeia no Reino Unido, sobre abusos contra os direitos humanos durante a Operação Condor -ação conjunta dos governos militares sul-americanos nas décadas de 70 e 80.
A ex-presa política uruguaia Lilian Celiberti, única vítima que teve o caso comprovado e os responsáveis julgados, depôs ontem ao juiz em Madri. Ela contou como foi presa em Porto Alegre após operação conjunta das polícias brasileira e uruguaia em 1978.
"Com a declaração da Lilian, o Brasil entrou na lista das investigações do juiz Baltasar Garzón, assim como o Uruguai", disse ontem o advogado Carlos Slepoy, que representa entidades de direitos humanos argentinas e chilenas nos processos de Garzón.
A Agência Folha tentou localizar Lilian Celiberti, mas depois do depoimento ela iria para Praga.
Garzón recentemente pediu a extradição do ex-ditador chileno Augusto Pinochet e, por isso, o manteve em prisão domiciliar na Inglaterra. Além de Pinochet, ele investiga militares argentinos envolvidos com a repressão.
Slepoy disse que Lilian "ampliou suas declarações". Ela contou a Garzón que morava em Porto Alegre e, com o uruguaio Universindo Díaz, enviava informações políticas para a Europa.
A polícia brasileira prendeu Lilian na rodoviária da capital e a levou ao seu apartamento. Lá, os policiais abordaram Díaz quando ele saia com os filhos de Lilian -Camilo, 8, e Francesca, 3. No apartamento, o uruguaio foi espancado durante uma hora.
Depois, ele, Lilian e as duas crianças foram levados ao Dops (Departamento de Ordem Política e Social). Díaz teria sido submetido a mais torturas por policiais gaúchos e dois militares uruguaios quando era interrogado.
Eles foram mandados ao Uruguai mas Lilian voltou a Porto Alegre, para atrair outros militantes ao seu apartamento. Em um telefonema para a França, em código, ela relatou sua situação e conseguiu torná-la pública.


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