São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 2002

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Objetivo é afastar correligionários do senador Jorge Bornhausen, que apóia Ciro (PPS) e Esperidião Amin (PPB)

ALIANÇAS

Demissão ameaça PFL pró-Ciro em SC

RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A LAGES (SC)

Aliado em Santa Catarina do candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, o ex-prefeito de Joinville e candidato ao governo do Estado, Luiz Henrique (PMDB), tem cobrado dos coordenadores da campanha de Serra que promovam uma demissão coletiva de correligionários do senador Jorge Bornhausen (PFL) em cargos públicos federais de Santa Catarina.
O senador declarou apoio à candidatura de Ciro Gomes (PPS) e apóia a reeleição do governador Esperidião Amin (PPB), adversário de Luiz Henrique. "Quem tem de comandar o governo federal em Santa Catarina somos nós (PSDB e PMDB), e não o Esperidião Amin e o Jorge Bornhausen, que estão do outro lado", disse ontem o ex-prefeito, que chegou a ser cotado para vice de José Serra.
O coordenador da campanha PSDB-PMDB em Santa Catarina, Geovah Amarante, afirma que o PFL comanda a Eletrosul, o Inmetro, o Ibama, a Funasa (Fundação Nacional de Saúde), a Embratur, o Serpro e o IBGE.
"Queremos pelo menos o comando de cada um desses órgãos", disse Amarante.
A coligação PSDB-PMDB também sugere a destituição do conselheiro da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) Eduardo Felipe Ohana, que teria sido indicado para o cargo após a licença de Paulo Bonrhausen, filho do senador, que se candidatou ao Senado por Santa Catarina.
O senador Geraldo Althoff (PFL-SC), um dos principais aliados de Bornhausen e elo do PFL com a campanha de Ciro, reconhece que o PFL tem os principais cargos de chefia na Eletrosul, no Inmetro e no Ibama.
Segundo o senador, "desde março", quando o PFL rachou com o governo federal após o escândalo envolvendo a empresa Lunus, de Roseana Sarney (PFL-MA), "todos os cargos do PFL foram colocados à disposição do governo federal".
Althoff afirmou que "não mais que três" servidores em cargos de chefia pertencem aos quadros do PFL. "Todos entregaram suas cartas de demissão", disse o senador.
Perguntado se o governo deve tomar a iniciativa e demitir os afilhados políticos de Bornhausen e do PFL, o senador respondeu: "Se forem inteligentes, que façam. Senão o Serra vai para quarto lugar (nas pesquisas)".

Reação
O apoio declarado de Bornhausen ao candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS), deu mais força ao pedido da coligação PSDB-PMDB em Santa Catarina.
Luiz Henrique e um grupo de candidatos da coligação PSDB-PMDB foram a Brasília, na última quarta-feira, para pedir providências ao coordenador da campanha de Serra, Pimenta da Veiga (MG), e ao secretário-geral da Presidência, Euclides Scalco.
Veiga e Scalco cobraram uma lista com os nomes dos funcionários públicos que integram o grupo de Bonrhausen e disseram que seriam tomadas providências.
No decorrer desta semana, o senador Casildo Maldaner (PMDB) deve entregar à coordenação da campanha de Serra uma lista com todos os ocupantes de cargos federal em Santa Catarina da cota de Jorge Bornhausen, do PFL e também do PPB.
O levantamento começou a ser feito durante o final de semana pelas presidências do PSDB e do PDMB catarinenses e deverá ser concluído na terça-feira.
Além da questão dos cargos, Luiz Henrique tem outro motivo para se sentir desprestigiado. Ele reclamou a aliados que não consegue sequer conversar por telefone com José Serra, mas apenas com a vice, Rita Camata (PMDB).
Anteontem, em entrevista a uma rádio de Concórdia, Luiz Henrique sugeriu que Serra tem feito jogo duplo, ao apoiar Amin e Luiz Henrique ao mesmo tempo. "Quem tem um pé em cada canoa acaba afundando", disse o ex-prefeito de Joinville, em entrevista à rádio Eldorado.


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