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ORÇAMENTO
Queda no primeiro semestre deste ano ameaça o cumprimento das metas da Lei de Responsabilidade Fiscal
Arrecadação de ICMS cai R$ 580 mi em SP
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O desaquecimento da economia
no país causou uma queda na arrecadação de ICMS no Estado de
São Paulo de cerca de R$ 580 milhões, só no primeiro semestre do
ano. Para o secretário da Fazenda
do Estado, Fernando Dall'Acqua,
a queda é preocupante principalmente em ano eleitoral, quando é
preciso cumprir determinados
parâmetros estipulados pela Lei
de Responsabilidade Fiscal (LRF).
"Como o Estado já vinha fazendo o ajuste, entramos em 2002
dentro dos parâmetros da lei. A
questão é que nós temos de nos
manter dentro de tais parâmetros. E num cenário atual, que é
extremamente recessivo", disse.
De acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a receita do
Estado de janeiro a junho deveria
ser de R$ 15,98 bilhões: acabou
sendo de R$ 15,75 bilhões. A queda da receita só não foi maior devido aos dividendos de empresas,
como a Sabesp, que ficaram acima do previsto, ao aumento de arrecadação do IPVA e ao contigenciamento de despesas correntes.
"Há uma tendência de queda
constante e isso torna este ano
muito preocupante porque temos
de cumprir parâmetros que dependem diretamente da receita."
Em ano eleitoral, o governo não
pretende cortar nenhum dos investimentos programados. As
despesas de custeio, que mantêm
a máquina funcionando, como
gasolina e compra de papel, devem ser reduzidas. Do custeio,
10% foram separados e contigenciados, resultando em uma economia de R$ 100 milhões. Só que
em razão da conjuntura nada favorável, a Fazenda não sabe se vai
liberar os gastos contigenciados.
Para Dall'Acqua, não há risco de
as secretarias pararem: "Normalmente as secretarias estão trabalhando ano a ano desta forma".
As únicas secretarias que não são
afetadas são: Saúde, Educação
(que obedecem a um limite constitucional de gastos) e Segurança.
Caso a economia não deslanche
no próximo cenário, a Fazenda
deve contar com a venda de ativos, como a privatização de subsidiárias da Nossa Caixa. "Nossa
expectativa é que essas empresas
possam nos ajudar a manter o investimento no segundo semestre,
sem cortes", afirmou o secretário.
Para Dall'Acqua, a LRF está punindo os Estados que estão enquadrados na legislação: "A lei
impede que se deixe déficit para o
próximo governo, mas também
pune quem está ajustado, porque
com uma recessão grande no país
ela impõe cortes ou a compensação da receita por outras formas".
A queda na arrecadação e as
perspectivas pouco positivas para
o próximo semestre deixam São
Paulo numa situação ruim, apesar
de o Estado estar desde 2001 enquadrado na lei, no que diz respeito aos gastos com pessoal. Em
2001, foram destinados para o pagamento de pessoal 58,7% da receita corrente líquida, quando a
lei prevê um gasto de até 60%.
"Os Estados que conseguiram
realizar um ajuste estão numa posição mais favorável para enfrentar a forte queda de arrecadação",
disse Dall'Acqua. Segundo o secretário, São Paulo registrou, entre 1999 e 2001, um aumento de
29% da receita fiscal, enquanto as
despesas cresceram 23%, permitindo assim um crescimento do
superávit primário de R$ 700 milhões para cerca de R$ 2,6 bilhões.
A receita de ICMS, que aumentou 3,1% em janeiro deste ano, sofreu uma queda de 3% em junho.
Só na indústria a queda foi de
6,3% no mês passado. Em junho
de 2001, a arrecadação havia crescido a uma taxa de 8%.
"Nos principais setores da economia há crescimento real inferior ao de 2001", disse Dall'Acqua.
Nos de material elétrico e eletrônico e de produtos têxteis houve
uma queda de 33,6% e 18,8%, respectivamente. No comércio varejista, o crescimento foi 11% menor
do que em 2001. "Temos uma recessão generalizada que afeta diretamente São Paulo", disse.
Os motivos da queda de arrecadação estão ligados às altas taxas
de juros e à crise na economia internacional, que provocam uma
redução da atividade econômica e
o aumento da inadimplência do
pagamento de tributos. A arrecadação só não foi pior neste semestre em razão do reajuste de algumas tarifas públicas.
Apesar disso, o Estado manteve
as metas de superávit primário.
No primeiro semestre, o superávit
foi de R$ 3,012 bilhões. Cerca de
R$ 60 milhões acima do previsto
na LDO para o semestre e R$ 30
milhões a menos do que o obtido
no primeiro semestre de 2001.
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