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SOMBRA NO PLANALTO
Contas bancárias de ex-assessor também serão devassadas
Justiça quebra sigilos fiscal e telefônico de Waldomiro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Justiça Federal determinou a
quebra dos sigilos bancário, fiscal
e telefônico de Waldomiro Diniz,
ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil da Presidência da República, no período
em que ele permaneceu no cargo
-de janeiro de 2003 a fevereiro
deste ano.
O processo corre sob sigilo judicial, mas o delegado que cuida do
caso, Antonio César Nunes, foi informado pela Justiça anteontem
sobre as quebras.
Nunes também decidiu abrir
dois novos inquéritos, específicos
para investigar temas relacionados a Waldomiro. No primeiro, o
objetivo é verificar a participação
do ex-assessor com o Grupo TBA,
principal revendedor de produtos
da Microsoft no país. No segundo, o delegado vai apurar a instalação de uma escuta clandestina
na sede da Caixa Econômica Federal, em Brasília.
Ontem, Nunes confirmou que
irá abrir novas investigações. "Serão três inquéritos", afirmou.
O foco do chamado "inquérito-mãe" continuará sendo a suposta
interferência de Waldomiro na
renegociação de contrato entre a
Caixa e a multinacional GTech, da
área de loterias.
Segundo o Ministério Público
Federal, Waldomiro teria estabelecido para executivos da GTech
que o contrato só seria renovado
se Rogério Buratti fosse contratado pela multinacional. Buratti foi
secretário de Governo da Prefeitura de Ribeirão Preto durante a
gestão de Antonio Palocci Filho,
atual ministro da Fazenda. Hoje,
trabalha como consultor de diversas prefeituras paulistas.
O caso Waldomiro veio à tona
no início em fevereiro deste ano,
com a divulgação da fita em que
ele aparece pedindo propina ao
empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O delegado César Nunes
retomou as investigações no início deste mês, após a Justiça não
ter acolhido denúncia do Ministério Público e requisitar produção
de mais provas pela PF.
O pedido de quebra de sigilo de
Waldomiro foi feito por Nunes à
Justiça em março, mas a resposta
só foi dada anteontem. Agora, a
Justiça solicitará os dados ao Banco Central, Receita Federal e operadoras de telefonia.
Segundo especialistas, serão necessários pelo menos dois meses
até que os bancos e as operadoras
de telefonia entreguem toda a documentação. Geralmente, a PF
desloca um grupo de agentes para
a análise e cruzamento dos dados
bancários e fiscais.
Segundo declarações de Nunes
em março, foram solicitadas as
quebras de sigilo telefônico do
números utilizados por Waldomiro no Planalto, em sua casa em
Brasília e de seu telefone celular.
Ontem, Nunes não se manifestou
sobre a quebra de sigilo, alegando
que o inquérito está sob sigilo.
Novos inquéritos
Em relação ao Grupo TBA, o delegado César Nunes vai investigar
a sociedade mantida por Waldomiro com Maria Estela Boner Léo,
sócia-proprietária da empresa,
durante dez meses no ano passado. Waldomiro detinha 2% do capital social da Faculdade Interfutura, em São Paulo.
Além disso, a PF vai analisar a
conduta do ex-assessor palaciano
na câmara técnica que discutia a
adoção de software livre em computadores públicos. O Grupo
TBA é um dos principais interessados na questão, uma vez que a
mudança para software livre implica abandono do Windows, sistema operacional da Microsoft.
No terceiro inquérito, César
Nunes quer apurar a instalação de
uma escuta clandestina na Caixa
durante a renegociação de contrato entre o banco e a GTech. Waldomiro ainda não possuía cargo
na administração, mas auxiliava o
PT na equipe de transição.
Um dos primeiros pontos a serem esclarecidos é a participação
da empresa Confederal, da qual é
sócio o ministro Eunício Oliveira
(Comunicações), que presta serviço de vigilância à Caixa.
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