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Oposição adota manobras do PT para suspender sessão na Câmara
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"Oposição é platéia, governo é
placar", conformava-se o tucano
Eduardo Paes (RJ), antevendo, às
8h, que seu grupo acabaria sendo
derrotado pelos aliados do Planalto depois de um dia inteiro de
longos discursos, apelos e manobras protelatórias.
Às 10h40, a "platéia", atônita
com o próprio sucesso inesperado, comemorava a decisão do deputado Mussa Demes (PFL-PI) de
suspender a sessão por falta de
quórum -uma derrota imposta
ao governo petista com técnicas
que fizeram a fama do PT nos
tempos de oposição.
Se pefelistas e tucanos tinham
uma estratégia para evitar a aprovação da reforma tributária na
sessão da comissão encarregada
de analisar o projeto, nem precisaram colocá-la em prática. O que
fizeram não foi mais que uma peça, um trote aos governistas.
Paes, por exemplo, gabava-se de
ter distraído a governista Vanessa
Grazziotin (PC do B-AM) com
uma fingida defesa dos incentivos
da Zona Franca de Manaus. A
conversa teria impedido a deputada de registrar presença.
A oposição havia se preparado
para uma disputa longa. Começou a chegar às 7h15, muito antes
do início da sessão, marcado para
as 9h, mas que, pela praxe, acontece entre as 10h e as 10h30.
Os seis pefelistas e os cinco tucanos da comissão dividiram entre
si os primeiros lugares na lista de
oradores. Pelo regimento, a votação pode começar depois de dez
discursos (cinco contra e cinco a
favor do projeto). A oposição faria, portanto, os discursos contrários e também os "favoráveis".
Questão inusitada
O clima se manteve ameno até
as 9h30, quando Eduardo Paes e
Pauderney Avelino (PFL-AM) desencavaram regras esquecidas do
regimento interno da Câmara e fizeram a Demes o inusitado pedido de cancelamento da sessão por
falta de quórum.
Argumentaram que, transcorrida meia hora do horário fixado
para o início da sessão, era preciso
haver pelo menos 19 presenças registradas -e só havia 15, dos 38
membros da comissão.
Os governistas se queixaram: os
oposicionistas não haviam registrado presença, embora estivessem inscritos para falar e apresentando questões de ordem.
O próprio Demes não havia assinado a lista. "Esqueci", disse ele,
ao decidir pelo cancelamento.
A decisão enfureceu os aliados.
O deputado Professor Luizinho
(PT-SP), vice-líder do governo,
deixou a comissão bradando: "O
Mussa é um traidor. O PFL não
vai tomar conta da comissão".
Ao lado de um grupo de pefelistas, Antonio Carlos Magalhães
Neto (BA), retrucou: "O PT tem
de aprender que aqui há regimento. Não há rolo compressor".
"Na minha opinião, a comissão
não tem como continuar. Ela foi
partidarizada", atacou Carlito
Merrs (PT-SC), defendendo a
destituição dos membros da comissão, para levar o projeto diretamente ao plenário da Câmara.
O petista Paulo Bernardo (PR)
reeditou uma frase do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ao dizer que pefelistas e tucanos faziam "oposição ao país".
Mas teve bom humor: "Vou comprar 20 despertadores para a nossa bancada".
(GP)
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