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POLÍTICA EXTERNA
Presidente terá encontro com chefes de Estado em Nova York
Na ONU, Lula vai pedir vaga no Conselho de Segurança
KENNEDY ALENCAR
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
No primeiro dia de compromissos oficiais de sua viagem aos Estados Unidos, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva inicia um corpo-a-corpo para tentar assegurar
ao Brasil uma vaga permanente
no Conselho de Segurança da
ONU (Organização das Nações
Unidas). Lula terá encontros com
chefes de Estado e almoçará às
13h30 com o secretário-geral da
ONU, Kofi Annan.
Ao participar hoje às 10h30 como palestrante do seminário
"Combatendo o Terrorismo pela
Humanidade", Lula deverá insistir na idéia de multilateralismo
nas resoluções de conflitos e na
reformulação da ONU, inclusive
de seu Conselho de Segurança.
Discretamente, Lula marcará nova posição contra os EUA, país
que colocou a ONU na berlinda
ao insistir numa política externa
unilateralista. A intervenção no
Iraque levou as Nações Unidas à
sua maior crise desde a criação,
em 1946.
No seminário sobre terrorismo
deverão estar presentes pelo menos 25 chefes de Estado, entre eles
o chanceler alemão, Gehard
Schroeder, e o primeiro-ministro
da Itália, Sílvio Berlusconi. Kofi
Annan participará do seminário e
almoçará com Lula, que oferecerá
um almoço nas Nações Unidas ao
secretário-geral da entidade.
Após o almoço, Lula se encontrará, às 14h45, com o presidente da
França, Jacques Chirac. Até ontem não estava confirmado um
encontro com o presidente dos
EUA, George W. Bush.
Terror e paz
O brasileiro Sérgio Vieira de
Mello, representante da ONU no
Iraque que morreu num atentado
no mês passado, deverá ser homenageado por Lula no seminário de hoje sobre terrorismo. A
homenagem servirá de gancho
para Lula insistir no fim da política unilateral norte-americana para resolução de conflitos.
O presidente deverá dizer que
só uma ação multilateral, com envolvimento de diversos países,
poderá levar a um combate efetivo do terrorismo. Deverá falar
que foi um erro a guerra dos EUA
contra o Iraque sem o aval da
ONU, como mostram percalços
recentes e constantes das forças
de ocupação norte-americanas e
britânicas no território iraquiano.
Além das articulações para obter ganhos comerciais, como o G-23 (grupo de países em desenvolvimento liderado pelo Brasil),
ações para tentar garantir ao Brasil assento permanente no Conselho de Segurança da ONU fazem
parte do pacote de política externa agressiva em relação aos EUA.
Com o presidente francês, Lula
tentará abordar os dois assuntos.
Na frente comercial, tentará dividir europeus e norte-americanos,
todos defensores de um forte protecionismo agrícola. Na geopolítica, fará coro com a França para
criticar a ação dos EUA no Iraque
e no Oriente Médio.
Hotel sofisticado
Na última hora, o presidente desistiu de se hospedar na residência oficial da embaixada do Brasil
na ONU e resolveu ficar no Hotel
Waldorf-Astoria, símbolo de luxo
e sofisticação em Nova York. Lula
deverá se instalar numa suíte cuja
diária varia de US$ 400 a US$ 600
dólares. A comitiva, composta de
ministros e políticas, também deve se hospedar no mesmo local.
Lula fica na cidade até quinta-feira de manhã, quando seguirá
viagem para México e Cuba.
Cuba
A ida de Lula a Cuba é o pagamento de uma promessa ao ditador Fidel Castro, que pediu ao petista que visitasse o país ainda em
seu primeiro ano de mandato.
O Brasil deve anunciar uma espécie de ajuda econômica ao país.
Devem ser fechados acordos bilaterais e anunciada uma linha de
crédito do BNDES para financiar
a exportação brasileira para Cuba.
O pacote pode chegar a R$ 100 milhões.
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