São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Presidente eleito se reuniu com James Wolfensohn, presidente do Bird, que se disse "emocionado" com o petista

Lula pode obter até R$ 10 bilhões, diz Bird

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Mundial (Bird), James Wolfensohn, disse ontem, durante encontro com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que o banco tem entre US$ 6 bilhões e US$ 10 bilhões para emprestar ao novo governo nos próximos três anos.
Wolfensohn se reuniu com Lula e com parte da equipe do novo presidente. Também se encontrou com o presidente Fernando Henrique Cardoso e com a primeira-dama, Ruth Cardoso.
"Fiquei muito emocionado, porque ele [Lula] é a mesma pessoa quando não está em frente aos eleitores. Pareceu-me muito autêntico", disse Wolfensohn. "Nesta semana me senti muito mais confortável do que uma semana antes das eleições, porque eu estava influenciado pela cobertura da imprensa", afirmou.
Segundo ele, a cobertura da imprensa dava a entender que "coisas ruins" poderiam acontecer caso Lula ganhasse.
De acordo com o presidente do Bird, não houve necessidade de discussão sobre a questão de responsabilidade fiscal, porque o novo governo já tem o entendimento de que ela é necessária.
"Eu senti que hoje de manhã estava lidando com pessoas de responsabilidade que têm um sonho. Para mim, essa é uma boa combinação", disse Wolfensohn. "Ele [Lula] não é tão sonhador que não reconheça que conduzir um país não é a mesma coisa que conduzir uma campanha política."
Ainda segundo o presidente do Bird, o presidente eleito e sua equipe não estavam em busca da aprovação do banco para nada. "A primeira coisa que o presidente eleito Lula deve fazer é não agradar o Banco Mundial", disse Wolfensohn.
"Ele tem que presidir o país do jeito que ele quer e do jeito que o povo quer. Ele não é um aluno de escola primária vindo ao professor para ser aprovado, ele é o presidente de um país", disse.
O presidente do Bird disse que valores entre US$ 6 bilhões e US$ 10 bilhões são muito dinheiro, mas que mesmo US$ 20 bilhões seriam insuficientes se não houver consenso na sociedade para a resolução do problema da fome.
Segundo ele, esse consenso está "emergente". Para o presidente do Bird, se um "pacto social" não der certo no Brasil, não dará certo em nenhum outro lugar.
Wolfensohn também elogiou Fernando Henrique Cardoso. Disse que o presidente deu grandes contribuições nas áreas sociais e por isso o presidente eleito já tem de onde partir.
Ainda segundo o presidente do Bird, Fernando Henrique tem uma excelente equipe e que ele gostaria de ter com os outros países a mesma relação que tem com o atual governo do Brasil.


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