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TRANSIÇÃO
PT não quer decidir o valor do novo salário mínimo neste ano
Comitê erra e acha novas fontes para Orçamento
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A descoberta de um erro na
reestimativa dos números do Orçamento e a identificação de novas fontes de arrecadação levaram o comitê de receitas da Comissão Mista de Orçamento a rever para R$ 9,45 bilhões os recursos disponíveis no próximo ano
para atender ao aumento do salário mínimo e às emendas dos
congressistas.
A engenharia orçamentária
permitiu a criação de uma "Reserva Social" no Orçamento. Essa
reserva terá R$ 8 bilhões para serem gastos em projetos sociais,
como o Fome Zero, e em um aumento do mínimo acima dos R$
11 previstos na proposta orçamentária.
A maior parte desse dinheiro,
no entanto, é vinculada a gastos
com saúde e educação ou integram fundos como o FAT (Fundo
de Amparo ao Trabalhador) e o
Fundo da Pobreza.
Restariam R$ 3,45 bilhões para
o reajuste do mínimo, que atualmente é de R$ 200.
Nas primeiras contas do comitê,
que foram revistas ontem, o valor
líquido para emendas dos congressistas e para um aumento
maior para o mínimo era de R$
5,5 bilhões. Mas o relator do Orçamento, senador Sérgio Machado
(PMDB-CE), descobriu um engano nos cálculos. O erro fez com
que alguns gastos fossem superestimados em R$ 1,3 bilhão.
Além disso, o comitê aponta no
relatório aprovado ontem três novas fontes de receita para o ano
que vem: manutenção da alíquota
de 27,5% do Imposto de Renda da
Pessoa Física, aumento da Cide
(contribuição cobrada na venda
de combustíveis) e medidas na
área da Previdência.
Juntas, as novas fontes arrecadarão R$ 2,65 bilhões a mais para
o governo federal.
Na partilha dos R$ 9,45 bilhões
em novos recursos, dos quais R$
6,8 bilhões viriam do aumento da
estimativa de inflação, as emendas dos congressistas ficaram
com R$ 6 bilhões. Os R$ 3,45 bilhões que sobram para o mínimo
comporão a "Reserva Social".
O relatório aprovado ontem no
comitê, que é composto por apenas sete congressistas, agora precisa ser votado na Comissão de
Orçamento. Mesmo com recursos já disponíveis para uma definição do salário mínimo, o PT
não quer decidir o novo valor
agora.
"É difícil definir agora porque é
necessário acompanhar a arrecadação real de 2003", argumenta o
líder petista na comissão, deputado Jorge Bittar (RJ). A intenção é
deixar essa reserva para ser usada
pelo governo na definição do mínimo só no próximo ano.
O relator afirma que a discussão
sobre a alocação dos recursos encontrados pelo comitê começará
a partir de agora. "Essa discussão
vai depender de como os partidos
se comportarão. Mas há margem
para reajuste acima de R$ 11",
avaliou Machado.
O PSDB, de acordo com o senador Romero Jucá (PSDB-RR),
não votará nenhum projeto de
aumento de tributo caso a decisão
do mínimo não seja tomada agora. "O partido só vota se houver
uma reserva para o aumento para
R$ 240. Vai ter dinheiro para isso", afirmou o senador.
"Só há condições de o Orçamento fechar dessa forma se os líderes concordarem com o aumento de tributos", adianta Bittar. Na próxima semana, haverá
uma reunião dos líderes dos partidos para discutir o assunto.
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