|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CAMPO
100 mil famílias estão acampadas
MST condiciona trégua a agenda com governo
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de ter decidido não dar
trégua ao futuro governo, o MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) anunciou que
não pretende promover invasões
caso o Executivo mantenha aberto o diálogo e estabeleça um cronograma para atender suas demandas. A principal delas, para
os primeiros seis meses de 2003, é
"resolver o problema" de 100 mil
famílias acampadas no país.
Esse "problema" é conseguir
terras e fornecer comida para todas elas. No dia 27, o MST se reúne para elaborar uma pauta mínima a ser entregue para a equipe
de transição. O texto vai mostrar
os pontos emergenciais, na avaliação do movimento. Além das
famílias acampadas, mencionará
conflitos localizados.
Segundo João Paulo Rodrigues,
22, um dos coordenadores nacionais da entidade, o governo eleito
deve fortalecer o Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e providenciar um
crédito emergencial para que as
famílias assentadas produzam alimentos. A idéia é fornecer os insumos para o projeto Fome Zero
-bandeira do presidente eleito,
Luiz Inácio Lula da Silva.
"Não existem grandes preocupações de fazer um grande programa de invasões de terra porque estamos confiantes no futuro
governo", afirmou Rodrigues.
A representação parlamentar
da questão agrária no futuro governo também deveria aumentar.
Segundo Rodrigues, o PT, que
possui atualmente dez congressistas no núcleo, deve procurar
outros partidos como PDT e PC
do B para articular a criação de
uma bancada agrária.
Atuação no legislativo
Ontem, o núcleo agrário do PT
promoveu um seminário para decidir uma agenda de atuação no
início do próximo governo. Sem
ter uma ponte concreta com o
Executivo, uma vez que Lula centralizou as decisões sobre ocupantes de cargos como o Ministério do Desenvolvimento Agrário,
os deputados decidiram apenas a
forma de atuação no legislativo.
A saída encontrada foi a defesa
de projetos já defendidos hoje pelo partido, como a instituição do
seguro agrícola, para que safras
perdidas sejam ressarcidas, e limites para o tamanho de propriedades em diferentes Estados.
O líder do partido na Câmara,
deputado João Paulo (PT-SP),
afirmou que é preciso paciência
para lidar com as expectativas e
demandas em relação ao presidente eleito. Mais: as críticas que
sempre foram dirigidas ao governo federal terão que cessar.
"Antes, quando estávamos em
governos municipais e estaduais,
remetíamos a responsabilidade
de algumas coisas para o governo
federal. Agora não poderemos fazer mais isso." A futura demora
em atender os projetos que até
ontem eram defendidos pelo PT
foi justificada pelo petista pelo
"legado de tristeza e muita dificuldade" deixado pela gestão FHC.
Texto Anterior: Comitê erra e acha novas fontes para Orçamento Próximo Texto: Pós-governo: FHC será vice-presidente de centro de estudos políticos e econômicos Índice
|