São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PT X PT

Petistas do Rio se atacam de novo por cargos

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

Preocupados que a crise gerada pela disputa interna por cargos federais possa diminuir a participação do PT do Rio no governo Lula, a Executiva do partido e deputados da bancada estadual discutem uma saída para mostrar união à novo governo. O racha, porém, está longe de terminar.
"Nós precisamos ter vaga no governo federal. Se não tivermos vaga, não vamos sobreviver no Rio com o governo da Rosinha [Matheus, do PSB]", disse o secretário de Educação, William Campos, ligado a moderada Articulação.
Ele criticou abertamente o deputado federal eleito, Chico Alencar, líder da bancada do PT na Assembléia Legislativa e um dos pivôs da crise, que não compareceu à reunião do PT do Rio, realizada anteontem. "O chorão do Chico [Alencar] parece o cabo Anselmo. É a Heloísa Helena do Rio, esperneia, mas não tem credibilidade", disse Campos.
Ligado à esquerda do PT, Alencar falou à Folha por telefone, respondendo no mesmo tom. "Agradeço o elogio de me comparar a senadora Heloísa Helena, mas a ofensa do cabo Anselmo, simplesmente, não respondo porque é de uma baixeza e de uma torpeza tão grande, que não merece resposta", afirmou. Segundo ele, Campos é um "homem em busca de cargos", já que no 1º de janeiro deixará de ser secretário.
O deputado disse ainda que sua maior preocupação é que alguns integrantes do PT do Rio estariam trabalhando para manter nomes "fisiológicos, ligados ao PTB", em cargos federais do Estado.
Como a Folha antecipou anteontem, o diretório regional do partido enviou ao presidente nacional do PT, José Genoino, uma lista oficial com 304 nomes para 258 cargos federais no Estado. Um grupo de deputados, entre os quais Alencar, se achou preterido nas indicações e se rebelou.
O racha caiu como uma bomba no PT e o presidente regional do partido, Gilberto Palmares, convocou às pressas uma reunião com a bancada e a Executiva para contornar a crise.
"Houve uma reunião conjunta, bancada e Executiva, e, por unanimidade, o processo de escolha dos nomes como está sendo conduzido até agora é transparente", disse Palmares.
Campos também atacou a deputada estadual Heloneida Studart, uma das dissidentes, pelo fato de não ter sido atendida em suas indicações. Segundo o secretário, ela reclamou, mas conseguiu colocar o próprio filho na lista - João Soares Orban, na presidência da Enap (Escola Nacional de Administração Pública). Studart disse que a indicação não foi sua, mas das correntes moderadas do partido. "Meu filho tem ampla militância política."
Amanhã, a Executiva do partido se reúne para discutir a inclusão na lista oficial dos nomes do deputado Milton Temer para a presidência da TV Educativa, e do especialista em comunicação Muniz Sodré para Biblioteca Nacional. A exclusão dos dois nomes, indicados por Studart, foi um dos motivos do racha.


Texto Anterior: Campanha: ONG arrecada cinco toneladas de alimentos
Próximo Texto: No Planalto - Josias de Souza: Os diálogos secretos de Pinheiro Landim
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.