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PODER CONCENTRADO
PT se compromete a adotar novo critério para compor Mesa
PSDB, PFL e PMDB fecham apoio a João Paulo e reformas
LILIAN CHRISTOFOLETTI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
O PSDB, o PFL e o PMDB que
ameaçavam dificultar a vida do
PT no governo, mudaram o discurso e anunciaram ontem que
irão endossar a candidatura do
deputado petista João Paulo Cunha para a presidência da Câmara
e apoiar as reformas da Previdência e tributária.
Há menos de uma semana, os
mesmos partidos admitiam a
possibilidade de formar um bloco
de oposição ao governo Lula.
O acordo de baixar armas foi selado ontem após negociações
conduzidas pelo presidente nacional da sigla, José Genoino, e
pelo líder petista na Câmara, Nelson Pellegrino (BA). Eles conversaram com Geddel Vieira Lima
(líder do PMDB), com Jutahy Magalhães Júnior (líder do PSDB),
com Inocêncio Oliveira (líder do
PFL) e com os presidentes de partidos Jorge Bornhausen (PFL) e
José Aníbal (PSDB).
Os petistas têm duas prioridades: garantir a vitória de João Paulo e conquistar o compromisso de
que os partidos irão apoiar as reformas previdenciária e a tributária no Congresso -esse apoio é
indispensável para que o PT consiga aprovar as mudanças.
"Critério das urnas"
Em troca, o PT se comprometeu
a adotar um novo critério para a
composição da Mesa da Câmara
-o que garante uma posição estratégica para os partidos.
Tradicionalmente, a escolha dos
cargos da Mesa (com sete titulares
e quatro suplentes) é proporcional ao número de deputados de
um partido ou de um bloco no dia
em que tomam posse.
No entanto, o PT se comprometeu a usar o "critério das urnas".
Para definir a representação de
cada partido, será usado o dia da
eleição, 6 de outubro, independentemente de desfiliações ou de
esvaziamento de siglas.
Essa nova metodologia interessa principalmente ao PSDB, que é
o quarto em representação na Câmara (atrás do PT, PFL e PMDB).
Mesmo que perca parlamentares,
com o critério das urnas, terá garantida sua participação na Mesa.
"Esse critério é mais justo, representa a vontade popular e favorece a fidelidade partidária. É
um primeiro passo para a reforma política", disse Pellegrino.
Dono da maior bancada na Câmara, o PT terá direito a dois cargos na Mesa. A presidência já está
definida para João Paulo. O segundo cargo, uma secretaria, poderá ser negociado com aliados
em troca de novos apoios.
"Estamos estabelecendo um relacionamento respeitoso e institucional. A expectativa é de um clima franco, transparente e tranquilo", afirmou Genoino.
A vice-presidência da Casa deverá ficar com o PMDB, e já tem
um aspirante para o cargo. "Não
posso negar que a idéia me seduz", disse Geddel. O PFL, que
tem direito a escolha de vagas, informou ter preferência pela primeira secretaria.
Um dos que mais defenderam a
criação de um bloco de oposição
ao PT, José Aníbal disse ontem
que a oposição do PSDB será "salutar". "Vamos apoiar João Paulo,
isso é uma decisão de partido, é
bom para o Brasil. Não temos a
intenção de obstruir as pautas."
O senador Jorge Bornhausen
(PFL-SC) também confirmou o
apoio. No encontro com Genoino, ele pediu a inclusão da reforma política na pauta de prioridades do governo. O deputado Inocêncio Oliveira (PFL-PE) foi mais
enfático. "Lógico que iremos
apoiar as reformas", disse.
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