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São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003

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PODER CONCENTRADO

PT se compromete a adotar novo critério para compor Mesa

PSDB, PFL e PMDB fecham apoio a João Paulo e reformas

LILIAN CHRISTOFOLETTI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O PSDB, o PFL e o PMDB que ameaçavam dificultar a vida do PT no governo, mudaram o discurso e anunciaram ontem que irão endossar a candidatura do deputado petista João Paulo Cunha para a presidência da Câmara e apoiar as reformas da Previdência e tributária.
Há menos de uma semana, os mesmos partidos admitiam a possibilidade de formar um bloco de oposição ao governo Lula.
O acordo de baixar armas foi selado ontem após negociações conduzidas pelo presidente nacional da sigla, José Genoino, e pelo líder petista na Câmara, Nelson Pellegrino (BA). Eles conversaram com Geddel Vieira Lima (líder do PMDB), com Jutahy Magalhães Júnior (líder do PSDB), com Inocêncio Oliveira (líder do PFL) e com os presidentes de partidos Jorge Bornhausen (PFL) e José Aníbal (PSDB).
Os petistas têm duas prioridades: garantir a vitória de João Paulo e conquistar o compromisso de que os partidos irão apoiar as reformas previdenciária e a tributária no Congresso -esse apoio é indispensável para que o PT consiga aprovar as mudanças.

"Critério das urnas"
Em troca, o PT se comprometeu a adotar um novo critério para a composição da Mesa da Câmara -o que garante uma posição estratégica para os partidos.
Tradicionalmente, a escolha dos cargos da Mesa (com sete titulares e quatro suplentes) é proporcional ao número de deputados de um partido ou de um bloco no dia em que tomam posse.
No entanto, o PT se comprometeu a usar o "critério das urnas". Para definir a representação de cada partido, será usado o dia da eleição, 6 de outubro, independentemente de desfiliações ou de esvaziamento de siglas.
Essa nova metodologia interessa principalmente ao PSDB, que é o quarto em representação na Câmara (atrás do PT, PFL e PMDB). Mesmo que perca parlamentares, com o critério das urnas, terá garantida sua participação na Mesa.
"Esse critério é mais justo, representa a vontade popular e favorece a fidelidade partidária. É um primeiro passo para a reforma política", disse Pellegrino.
Dono da maior bancada na Câmara, o PT terá direito a dois cargos na Mesa. A presidência já está definida para João Paulo. O segundo cargo, uma secretaria, poderá ser negociado com aliados em troca de novos apoios.
"Estamos estabelecendo um relacionamento respeitoso e institucional. A expectativa é de um clima franco, transparente e tranquilo", afirmou Genoino.
A vice-presidência da Casa deverá ficar com o PMDB, e já tem um aspirante para o cargo. "Não posso negar que a idéia me seduz", disse Geddel. O PFL, que tem direito a escolha de vagas, informou ter preferência pela primeira secretaria.
Um dos que mais defenderam a criação de um bloco de oposição ao PT, José Aníbal disse ontem que a oposição do PSDB será "salutar". "Vamos apoiar João Paulo, isso é uma decisão de partido, é bom para o Brasil. Não temos a intenção de obstruir as pautas."
O senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) também confirmou o apoio. No encontro com Genoino, ele pediu a inclusão da reforma política na pauta de prioridades do governo. O deputado Inocêncio Oliveira (PFL-PE) foi mais enfático. "Lógico que iremos apoiar as reformas", disse.


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