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PT NO DIVÃ
Bancada na Câmara também não quer discussão da reforma trabalhista
Petistas são contra votação da
autonomia do BC neste ano
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A bancada de deputados federais do PT -a maior da Câmara,
com 91 parlamentares- fechou
ontem posição contrária à votação da proposta de autonomia do
Banco Central neste ano, matéria
de interesse da equipe econômica.
Em tensa reunião na noite de
ontem, o PT aprovou documento
que considera ainda "inoportuna" a discussão da reforma trabalhista em 2005 e pede mais prazo
para que seja discutida a mudança na legislação sindical, com a
qual o governo se comprometeu.
"A bancada considera inoportuno o envio de projetos que tratem da autonomia do Banco Central e da reforma trabalhista.
Quanto à reforma sindical, consideramos imprescindível amplo
debate prévio com a bancada",
diz o documento aprovado pela
bancada e encampado pelo novo
líder do partido na Casa, Paulo
Rocha (PT), eleito ontem.
A esquerda petista, que compreende cerca de um terço dos 91
deputados, saiu da reunião festejando. "Foi uma vitória enorme",
disse o deputado Ivan Valente
(SP). "Ter o compromisso da
bancada contrário a essa votação
é algo importantíssimo", declarou João Alfredo (CE).
Após sua eleição, Rocha preocupou-se em dizer que a bancada
não votou quanto à autonomia do
BC em si, apenas quanto à "oportunidade" de votá-la em 2005.
"Não discutimos o mérito, mas
a temporalidade. É um debate que
traz dificuldade para a bancada
neste momento. Em outro momento, poderá ser enfrentado de
outra maneira", afirmou. Na prática, porém, fica quase impossível
votar a questão em 2006, por ser
ano de eleição presidencial. Como
a autonomia e a reforma trabalhista são temas polêmicos, o governo dificilmente passaria pelo
desgaste de discuti-las em 2006.
Rocha disse que não vê a aprovação como uma derrota para o
ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que defende a autonomia
argumentando que é importante
para reduzir os juros. "O governo
tem sua posição, mas a bancada
adotou sua própria posição."
O documento quase não saiu.
Ele surgiu a partir de um texto da
ala esquerda do partido, que tinha
uma versão mais forte. Dizia que a
autonomia do BC e a reforma trabalhista eram parte de uma
"agenda negativa" que teria acolhida apenas na "parte mais despolitizada" da base aliada.
O texto foi considerado inaceitável pela ala mais afinada com o
governo, e formou-se comissão
de seis parlamentares para achar
um texto de consenso que pudesse ser assumido pelo novo líder.
Foi a vez então de a esquerda da
bancada reclamar da nova versão.
Houve discussão acalorada e
ameaça de não votar a escolha do
líder. "Estão querendo tratar disso como decidiram o candidato a
presidente", afirmou Walter Pinheiro (BA), da ala radical, em referência à escolha de Luiz Eduardo Greenhalgh para disputar a
presidência da Casa.
No final, um apelo do líder do
governo, Professor Luizinho (SP),
possibilitou um consenso. O texto
foi aprovado, mas Rocha se comprometeu a realizar seminário da
bancada em março para discutir a
"repactuação", ou seja, a relação
entre as tendências internas.
Na reunião, o PT escolheu ainda
as quatro comissões permanentes
de sua preferência, a serem definidas hoje de manhã. Além da Comissão de Constituição e Justiça
foram eleitas Finanças, Direitos
Humanos e Seguridade Social.
Rocha, o novo líder, é da ala majoritária do PT e um destacado integrante da "tropa de choque" do
governo. Técnico em artes gráficas, está no quarto mandato.
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