São Paulo, Terça-feira, 23 de Fevereiro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EFEITOS DO AJUSTE
Auxílio-alimentação para alunos carentes também é retirado
Governo corta quase metade da verba para cestas básicas

ABNOR GONDIM
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília


O governo federal reduziu quase à metade o orçamento do programa de distribuição de cestas básicas a famílias carentes e retirou o complemento de merenda escolar que era assegurado para cada aluno do ensino fundamental em 1.353 municípios atendidos pelo programa Comunidade Solidária.
Para compensar o corte imposto pelo ajuste fiscal, o Comunidade Solidária tentará reduzir o custo da compra de alimentos. Na mensagem ao Congresso Nacional, enviada ontem para a abertura da 51ª legislatura, FHC elogia a distribuição das cestas básicas. "Contribui de maneira importante para a redução da mortalidade infantil e da desnutrição no país, aumentando também o nível de cidadania das famílias", afirmou FHC na página 187 da mensagem.
Responsável pela compra dos alimentos, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que o número de famílias atendidas em 98 deva ser reduzido este ano na mesma proporção do corte.
Para evitar um impacto negativo do corte, o secretário-executivo do Comunidade Solidária, Milton Seligman, defende a aquisição de alimentos produzidos por agricultores familiares e ex-sem-terra assentados pelo governo. Seligman foi presidente do Incra, órgão executor da reforma agrária.
De acordo com o governo, os recursos destinados ao Prodea (Programa de Distribuição de Estoques de Alimentos) caíram de R$ 97 milhões, em 98, para R$ 48,4 milhões este ano. Em 98, o Prodea atendeu 1,6 milhão de famílias dos municípios mais pobres do Comunidade.
Os 1.353 municípios atendidos pelo Comunidade Solidária não vão mais receber R$ 0,20 diários do governo federal para fornecer merenda escolar a cada aluno matriculado no ensino fundamental.
O repasse por aluno foi reduzido para R$ 0,13 -mesmo valor que era repassado aos municípios que não fazem parte do programa.
Até o ano passado, esses municípios recebiam um complemento de R$ 0,07 diários para cada aluno por serem os mais pobres do país.
Segundo a secretária-executiva do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), Mônica Messemberg, os alunos não serão prejudicados porque os municípios agora recebem recursos dos Estados e da União provenientes do fundão (fundo de valorização do magistério).


Texto Anterior: Janio de Freitas: Ajuda aos ricos
Próximo Texto: Liminar suspende cobrança de inativos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.