São Paulo, Terça-feira, 23 de Fevereiro de 1999
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CRISE FEDERATIVA
Estado não se beneficia porque Tesouro faz outra retenção
Governo reconhece erro em parte do bloqueio a MG

da Sucursal de Brasília


O governo federal admitiu ao STF (Supremo Tribunal Federal) que bloqueou de forma indevida R$ 1,9 milhão de contas bancárias do governo de Minas Gerais com a finalidade de cobrir dívida vencida do Estado com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Minas Gerais, porém, não terá benefícios com o reconhecimento do erro. O governo devolveu os recursos obtidos com o bloqueio das contas, mas decidiu ampliar a retenção de repasses ao Estado para cobrir o pagamento que Minas deveria ter feito.
O erro foi assumido em carta da Secretaria do Tesouro Nacional ao ministro do STF Sepúlveda Pertence para afastar o risco de concessão de liminar pedida pelo governador Itamar Franco (PMDB).
Ao fazer o bloqueio no último dia 11, o governo apoiou-se em um decreto-lei de 1984 que só autoriza a União a tomar tal medida contra empresas públicas federais. O bloqueio fez Itamar divulgar duas notas oficiais acusando o governo de "hostilidade" contra o Estado. Numa delas, convocava reunião do alto comando da Polícia Militar.
Na carta, a Secretaria do Tesouro Nacional afirma que houve "equívoco" e esclarece: "O aludido decreto-lei não poderia ter sido invocado como base legal para a retenção de saldos bancários de titularidade do Estado de Minas Gerais".
No pedido de liminar, a Procuradoria do Estado de Minas solicitava a liberação do dinheiro bloqueado e a proibição de novas retenções sob o argumento de que a iniciativa da União não tinha amparo legal. Relator do pedido, Sepúlveda Pertence deu prazo de cinco dias para que o governo de Minas reexamine a questão e decida se mantém a ação.
Para compensar a liberação do dinheiro nas contas bancárias do Estado, o governo ampliará na mesma proporção a retenção de repasses.
Ontem, o governo federal reteve mais R$ 23,5 milhões de Minas Gerais. Com isso, os bloqueios de recursos do Estado já somam R$ 100,5 milhões, desde a moratória decretada em janeiro.


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