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GRILAGEM
Apontado como o maior grileiro de terras públicas do país muda de cela
Acusado critica integrantes de CPI
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
O acusado acusa os acusadores.
Falb Saraiva de Farias, 66, apontado pelo governo federal como o
maior grileiro do país, com 12 milhões de hectares de áreas públicas irregularmente em seu nome,
voltou suas baterias contra os deputados que pediram sua prisão.
Para ele, a CPI da Grilagem é
composta de gente despreparada,
embora tenha sido a franqueza de
algumas de suas respostas à comissão o exato motivo de sua prisão, na última sexta.
Ao admitir não ter declarado
patrimônio e ter se associado a esquemas de compra de terra, acabou detido preventivamente.
Ele já está em sua nova cela. A
pedido da CPI, que temia o ver
morto, Falb saiu da penitenciária
Raimundo Vidal, onde dividiu a
cela por cinco dias com 40 presos,
e agora tem apenas um companheiro na carceragem da Polícia
Federal em Manaus -com TV,
colchão (inexistentes na cadeia
anterior) e direito a visitas.
A seguir, trechos de sua conversa com a Agência Folha.
Agência Folha - O sr. imaginava
que sairia preso após depor?
Falb Saraiva de Farias - Eu estava
preparado para tudo.
Agência Folha - Quantos hectares
de terras o sr. tem?
Falb - Hoje não tenho nenhum, a
Justiça está anulando tudo.
Agência Folha - O sr. apresentou,
em seu depoimento à CPI, um documento apontando um patrimônio de R$ 3,5 bilhões em terras.
Falb - Eu falei na CPI que tinha 7
milhões de hectares. O patrimônio é de avaliação de peritos. Tinha pessoas na CPI que não estavam preparadas para fazer esse tipo de coisa. Isso não é dinheiro,
são números.
Agência Folha - Quem não estava
preparado?
Falb - Essa documentação foram
os deputados que conseguiram na
Junta Comercial. Não fui eu quem
a entregou. Eles não me pediram
nada. Até as minhas procurações
disseram que eram falsas.
Agência Folha - Então essa avaliação é de quais bens?
Falb - É da matéria-prima que
tem cima da terra. A avaliação foi
em cima da madeira que tem nas
terras. Foi uma avaliação para fazer incorporação da empresa para
aumento de capital.
Agência Folha - Como o sr. pode
provar que esse patrimônio é seu?
Falb - Com os espólios de 1925 e
26, de Maria Luiza Barros. Eu
comprei dela, isso vale mais do
que tudo. Será que isso não vale
nada?
Agência Folha - O Incra diz que esse espólio tinha como base áreas
denominadas de seringais e foram
aumentadas para um total de 12
milhões. Daí saiu o título de megagrileiro.
Falb - Eu me sinto incomodado
com isso. São números que o Incra diz. Muitas vezes são faltas dos
funcionários do Incra, que somam uma área duas vezes.
Agência Folha - O sr. foi preso sob
acusação de apropriação de terras
públicas, falsificações de documentos, estelionato e formação de
quadrilha. Como o sr. vê isso?
Falb - As apurações futuras vão
dizer a verdade. Aceitei essa prisão sem resistência. Acredito em
Deus que vou sair dessa.
Agência Folha - A Polícia Federal
diz que o sr. não tem endereço certo. E teme que o sr. fuja do país.
Falb - A minha família mora em
Campo Grande, eu moro em Porto Alegre e tenho um casa alugada
em Manaus. Minha família me
conhece, sabe que eu não sou desse tipo de gente.
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