|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JANIO DE FREITAS
Espetáculo da embromação
Um dos problemas do governo Lula que mais caro lhe
têm custado é a sua dificuldade
de perceber as coisas simples. Os
exemplos são inúmeros (fique
tranqüilo, não farei referência às
trapalhadas que alimentaram o
caso Waldomiro Diniz), mas o
que interessa no momento é um
só, até por sair muito caro também para nós outros.
Já é notícia que o publicitário
Duda Mendonça se ocupa, por
convocação da Presidência, de
uma campanha que negue o
imobilismo do governo e recomponha as suas perdas de prestígio, acentuadas de dois meses
para cá. E tome Lula na TV e nos
jornais, Lula em viagem e em
Brasília (de passagem), Lula em
discurso aqui, Lula em discurso
acolá, e tome Lula.
Governo que não padece de
imobilismo não precisa de campanha, sua atividade está à mostra. Não é esse, porém, o assunto
de agora. Luiz Gushiken, ministro da Comunicação e de alguma
coisa dita Estratégica, é convencido de que tudo se resolve com
propaganda, e o que não se resolve é porque a propaganda foi insuficiente em qualidade ou
quantidade.
Seja qual for o peso da teoria,
que já teve adeptos mais famosos, o fato atual é que o governo
vai gastar mais fortunas em propaganda por não perceber que a
imagem de Lula está em franco
desgaste. Não é só o prestígio presidencial que está em declínio. É
a própria figura, é a certeza de
que, com a figura, vem o mesmo
discurso promitente, inútil,
exaurido. Esgotamento por uso
abusivo.
É certo que Luiz Gushiken, cujas mãos concentram todos os recursos da publicidade oficial e
oficial, o que inclui estatais e autarquias, tem sido muito atencioso com o problema financeiro
de alguns dos maiores grupos de
mídia. E, sob esse aspecto, não se
exclui a conseqüência, que já
não se sabe se secundária ou primordial, de mais uma campanha que fará muito bem a determinados grupos da mídia.
Mas, quanto à opinião pública,
o espetáculo da embromação
tem efeito limitado. O governo
consumiu, em um ano, sua quota para uns três. Vai gastar em
propaganda o dinheiro que falta
para fins nobres -e o provável é
que colha indiferença ou até
maior esgotamento.
Extorsões
O golpe que o ex-presidente da
Câmara Municipal de São Paulo
Armando Mellão Neto vinha
aplicando até sua prisão, na sexta-feira, está muito mais difundido do que se poderia imaginar.
A extorsão, a pretexto de poupar
a vítima de ser envolvida em
uma CPI, tem mais praticantes
em São Paulo, já foram citados
casos no Rio e em Brasília seriam
ainda mais numerosos.
Não faz muito tempo, um deputado me dizia isto: "Minha
preocupação na CPI não é mais
com o inquérito, é em ficar atento o tempo todo para atrapalhar
as vigarices com as convocações e
as dispensas de convocação".
Texto Anterior: Lula pede a ministros que falem menos Próximo Texto: Sombra no Planalto: Para Dirceu, caso Waldomiro está encerrado Índice
|