São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2004

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IGREJA CATÓLICA

"Não é o fim do mundo", diz religioso do PR

Bispos minimizam fato de padres terem tido relações com mulheres

DO ENVIADO A INDAIATUBA (SP)

Bispos criticaram e procuraram minimizar o impacto da pesquisa segundo a qual 41% dos padres admitem que já tiveram relacionamento afetivo com uma mulher após terem sido ordenados.
Para o bispo de Toledo (PR), d. Anuar Battisti, "é um dado preocupante, até certo ponto". "Não podemos nos escandalizar, ou achar que é o fim do mundo, porque esse dado estatístico vem a comprovar um lado humano do coração do padre".
Ele citou um outro dado da pesquisa segundo o qual 95% dos sacerdotes não reconsideraria sua opção de se tornar padre e afirmou que "um desvio, uma pisada na bola", não significa que o presbítero não possa mais servir à Igreja. "Depois [do "desvio'], se arrepende, volta e continua."
D. João Braz de Aviz, arcebispo de Brasília, questionou o caráter sexual do relacionamento afetivo: "Parece-me que o dado não se refere especificamente à experiência sexual". A pesquisa do Ceris (Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais) de fato não fala explicitamente em relação sexual. Os padres deveriam responder se concordam ou discordam da seguinte frase: "O sr., na condição de padre, nunca se envolveu afetivamente com uma mulher".
O diretor do Ceris, Luiz Alberto Gomez de Souza, disse anteontem que, pela forma da pergunta, "seria um relacionamento sexual".
Para d. Anuar, houve má interpretação. "Ou foi mal divulgado", disse ontem, na assembléia da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em Itaici (SP).
Os bispos ressaltaram ainda que a pesquisa representa apenas 71% dos padres. Isso ocorre porque os pesquisadores consideraram que os 758 sacerdotes que responderam à pesquisa representam bem os que não responderam por não ter recebido o questionário, mas não aqueles que, tendo recebido, não responderam. Há cerca de 16,6 mil padres no país.
A margem de erro no dado do relacionamento afetivo é de 4,5 pontos percentuais para mais ou para menos. (GUILHERME BAHIA)

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