São Paulo, domingo, 23 de maio de 2004

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VIDA DE EX

Na inauguração de instituto que leva seu nome, Fernando Henrique diz que um ex-presidente deve opinar sobre política

É ingênuo dizer que estou fora do jogo, diz FHC

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso inaugurou ontem, em São Paulo, um instituto que leva seu nome e aproveitou para dizer que, embora não vá usar a instituição para fazer política partidária, "não significa que um ex-presidente deva abdicar da cidadania e de opinar sobre política".
Sorridente, ladeado na mesa pelo ex-primeiro-ministro francês Lionel Jospin e pelo ex-presidente do Uruguai Julio Sanguinetti, além do ex-embaixador Celso Lafer, do ex-primeiro-ministro de Portugal António Guterres e do cientista social espanhol Manuel Castells, o tucano disse que "seria um pouco ingênuo imaginar que [uma] pessoa que tem a experiência que nós temos de repente diga: "Não, agora vou olhar como expectador, estou fora do jogo'".
Ele afirmou que "o problema é como fazê-lo e em que arena fazê-lo". E concluiu dizendo que "esta instituição não será arena para fazer declarações [políticas] quando achar oportuno".
Sobre se defendia um sistema semelhante ao norte-americano, onde ex-presidentes não podem voltar a concorrer a cargos eletivos, FHC disse que "preferia que os Estados Unidos fossem igual ao Brasil e iria torcer para o [Bill] Clinton voltar". O ex-presidente dos EUA foi uma das atrações da inauguração do Instituto Fernando Henrique Cardoso (IFHC). Ele deu palestra a convidados.
Questionado também se o fato de criar um instituto significava que ele não se candidataria novamente à Presidência, FHC respondeu: "Não estou fazendo este instituto para isso. Só isso. O resto vocês [da imprensa] inventam".
Fernando Henrique disse que o objetivo do IFHC é promover o diálogo sobre assuntos que não se limitem às fronteiras nacionais.
Desemprego
O ex-presidente adiantou que pretende debater questões de comércio internacional, processos de comunicação, inovações tecnológicas e "temas mais específicos", como o desemprego.
Sobre isso, FHC afirmou que, ao discutir um assunto como esse, a intenção não é fazer uma crítica ao atual governo. "Se fosse para fazer críticas, faria ao meu governo também, porque o desemprego não começou agora."
FHC disse que espera que membros do atual governo também participem dos debates do instituto, embora tenha destacado que a entidade não é governamental. Ele lembrou que convidou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a inauguração, mas, por conta da viagem à China, não pôde comparecer. Ele enviou uma carta a FHC justificando a ausência. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, representou-o.
Tucanos como o ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza, ex-aliados, como o senador Edson Lobão (PFL-MA), e opositores do atual governo, como o deputado Geddel Vieira (PMDB-BA), estiveram na inauguração do instituto. A atriz Regina Duarte, admiradora de FHC, também foi.
Havia também membros do PT, como a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, além do senador Eduardo Suplicy.



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