São Paulo, Domingo, 23 de Maio de 1999
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OUTRO LADO
‘Vivo no limite do cheque especial’

da Agência Folha,
em Porto Velho


O empreiteiro e ex-juiz classista do TRT de Rondônia Antônio Adamor Gurgel do Amaral disse que sua situação financeira e a da empreiteira Cota são péssimas.
Ele disse que, quatro anos após ter realizado a obra _que custou no mínimo R$21 milhões_, sua empresa está tendo a falência pedida em juízo por um fornecedor, a Betune Ltda., por causa de outra obra, cujo custo teria sido R$700 mil e que não teria sido paga pelo governo do Estado. A dívida protestada é de R$117 mil.

Agência Folha - Quais são seus bens
Tem imóveis fora do país?
Antônio Adamor -
Abri mão do imóvel que tenho em favor de meus filhos, no residencial Alphaville (Porto Velho). São três casas geminadas. Estou iniciando minha vida de novo. Hoje eu estou, por favor, grave isso, estou vivendo no limite do cheque especial no Banco do Brasil e devo ao Banco Real R$2.000. A situação financeira da minha empresa é péssima, porque nossos principais clientes são os governos estadual e federal, que não me pagam. Eu queria que a CPI investigasse minhas contas.
Agência Folha - O sr. abre o sigilo de todas as suas contas?
Antônio Adamor -
Se o sr. quiser, pode ir aos bancos onde tenho conta. A sociedade precisa saber. Eu apóio essa investigação.
Agência Folha - Por que sua empresa decidiu aumentar o capital social em 1.171% apenas seis meses antes da licitação?
Antônio Adamor -
Acho que integralizamos isso com terrenos. Não sei explicar esse detalhe.
Agência Folha - Por que a obra saiu tão cara?
Antônio Adamor -
Essa obra saiu na verdade por mil, mil e pouquinhos reais por metro quadrado. O próprio Tesouro Nacional sabe o quanto pagou. É só pegar o CGC da empresa e ver o quanto ela recebeu. É um valor normal para o tamanho da obra e o que tivemos que fazer. A obra foi erguida num terreno alagadiço, tivemos que fazer uma fundação muito forte. Tenho até medo de que algo aconteça (com o prédio).
Agência Folha - O sr. é dono da empresa e era juiz classista do TRT na época da licitação.
Antônio Adamor -
Eu era e sou um dos maiores acionistas da empresa. Fui também juiz classista da 2ª Junta e depois fui nomeado para a segunda instância. Mas não tinha poder de mando nem gerência na empresa. Quando fui para o tribunal, me desliguei da empresa.


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