São Paulo, Domingo, 23 de Maio de 1999
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OUTRO LADO
Deputado nega participação

do enviado a Itabuna (BA)

O deputado Roland Lavigne (PFL-BA), procurado pela Folha, negou que tenha participado direta ou indiretamente na esterilização de índias pataxós.
Argumentou estar sendo vítima de inimigos políticos do sul da Bahia, que estariam financiando entidades para que elas divulguem informações que venham a prejudicá-lo politicamente.
Lavigne, formado cirurgião, disse não entrar num centro cirúrgico para operar desde 1992.
Afirmou ainda que as índias que têm prestado depoimento à Procuradoria da República citam seu nome por terem sido convencidas de que poderiam ganhar R$ 100 mil em indenizações em razão dos efeitos de cirurgias que, se ocorreram, não foram realizadas por ele nem em hospitais de sua propriedade.
O deputado qualificou de"indecentes" e "fraudulentas" as versões que envolvem seu nome.
Enviou à Folha parecer do setor de auditorias da Secretaria da Saúde da Bahia que diz que inexistem prontuários que registrem a etnia de pacientes submetidas a laqueadura de trompas. O texto diz ainda inexistirem indícios de que tais cirurgias tenham ocorrido com recursos do SUS e que é improcedente "a participação direta" de Roland Lavigne nessas cirurgias.
Indagado se não seriam frágeis os argumentos baseados em prontuários, na medida em que se poderia lançar o código de um outro procedimento cirúrgico, Lavigne afirma que isso seria "uma fraude", da qual nenhum ex-funcionário seu foi até hoje acusado.
Uma comissão da Funai visitou as áreas indígenas no ano passado e, a partir de seu relatório, pediu-se a intervenção da Procuradoria da República e da PF.
A Folha apurou que a Funai preocupou-se em desqualificar a acusação de genocídio contra o Estado brasileiro, que o Cimi pretendia encaminhar à Comissão de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos).


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