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PT X PT
José Genoino, presidente do partido, afirma que decisão contra João Fontes (SE) será formalizada hoje pela Executiva
PT retoma processo para cassar radicais
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
A Executiva Nacional do PT irá
abrir hoje, de maneira sumária,
processo disciplinar contra o deputado João Fontes (SE).
A medida, que poderá culminar
na expulsão do parlamentar da legenda, será instaurada, segundo o
presidente do partido, José Genoino, sem precisar sequer ser votada pela Executiva porque a representação contra Fontes foi encaminhada diretamente pela bancada do PT na Câmara.
"O caso do deputado João Fontes foi encaminhado diretamente
pela bancada do PT. Agora será
apenas para formalizar uma tomada de conhecimento da Executiva, que vai mandar diretamente
para a Comissão de Ética", disse
Genoino ontem.
A Executiva se reúne, a partir
das 10h, na sede do partido. Também poderá ser aberto um novo
processo contra a deputada Luciana Genro (RS), que já é alvo da
comissão desde o mês passado.
Os casos de outros dois parlamentares petistas, a senadora Heloísa Helena (AL) e o deputado
Babá (PA), também estão sendo
analisados pela Comissão de Ética
do PT (veja quadro nesta página).
Fontes divulgou, no dia 21 de
maio último, uma fita de vídeo
com imagens do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, em 1987, atacando o então presidente José
Sarney (hoje senador pelo
PMDB-AP) e criticando propostas de mudança na Previdência,
hoje defendidas pela direção do
PT e pelo governo. Luciana Genro
apoiou publicamente a divulgação. Os dois parlamentares afirmaram à época que a intenção era
demonstrar a mudança de discurso do presidente. Para a cúpula do
governo, no entanto, o ato foi um
desrespeito à imagem de Lula.
Segundo Genoino, os 21 membros da Executiva Nacional nem
precisarão votar contra ou a favor
dos deputados hoje porque a representação veio diretamente da
bancada da Câmara.
Para Fontes e Luciana Genro, a
medida é arbitrária. "Não tem isso [abertura sumária de processo]
no estatuto. Querem me processar sem me ouvir. É lamentável",
disse João Fontes, que afirmou
não ter sido informado pela direção do partido da reunião.
"É uma arbitrariedade porque o
deputado tem que ser ouvido antes de qualquer decisão", disse
Luciana Genro. Em seu capítulo 3,
que trata das bancadas parlamentares, o estatuto do PT diz apenas
que a Executiva Nacional e a bancada parlamentar correspondente "procurarão sempre praticar o
exercício coletivo das decisões".
O líder da bancada do PT na Câmara, Nelson Pellegrino, corroborou a afirmação do presidente
do partido e afirmou que na Comissão de Ética os deputados terão amplo direito de defesa.
"A bancada decidiu remeter o
caso diretamente para a comissão, que vai dar um parecer sobre
o caso", disse Pellegrino.
Fontes e Luciana estão afastados da bancada desde a divulgação do vídeo.
Novo prazo
A decisão de processar Heloísa
Helena, Babá e Luciana Genro
-todos ligados a correntes de esquerda do PT- foi tomada em 12
de maio último, quando a Executiva se reuniu pela última vez. O
placar da votação foi 13 a 7. Na
ocasião, os três foram ouvidos.
Poucos dias depois, no entanto,
a direção do PT decidiu esticar os
prazos do trâmite processual,
após desgaste do governo. De
acordo com o novo cronograma,
as testemunhas de defesa dos parlamentares deverão ser ouvidas
no próximos dias 28 e 29.
A reunião da Executiva também
irá discutir os preparativos para o
encontro de vereadores que o
partido promoverá.
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