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São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2003

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Ex-governador vai entregar sua defesa à Executiva Nacional do PSB

Garotinho procura evitar expulsão

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

Ameaçado de expulsão do PSB, o secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, decidiu jogar todas as suas fichas para continuar no partido. Ele informou que pretende entregar sua defesa ao presidente do PSB, Miguel Arraes, antes da reunião da Executiva Nacional do partido, que tratará do assunto, na quinta-feira.
Eles não se falam há mais de um mês. Arraes anda irritado com as críticas de Garotinho ao governo Lula, do qual o PSB faz parte. Ontem, em entrevista à Folha, o ex-governador acusou o PT de tentar antecipar "prematuramente" a campanha de 2006, dando a entender que os petistas estariam por trás da tentativa de expulsão.
"O PT quer prematuramente deflagrar a campanha eleitoral. Isso é um equívoco." Garotinho diz que não é candidato à sucessão de Lula e que ainda tem mais três eleições presidenciais pela frente antes de querer novamente sair candidato: "Eu só tenho 43 anos", disse. Ele insiste que não quer deixar o partido, mas quer ter liberdade para expressar suas opiniões pontuais contrárias ao governo.
Garotinho disse que seu documento é "um alerta" ao governo Lula, que está se tornando "refém" de forças de centro-direita. Para Garotinho, tal "deslocamento de Lula" poderá trazer "grande frustração na população".
"Embora Lula tenha obtido no segundo turno, a votação que teve, exatos 61,3% dos votos, todos os candidatos a governador do PT, eleitos e derrotados, somaram apenas 34% da votação. Ou seja: isso mostra que Lula não é o PT e que é preciso tomar muito cuidado porque esse deslocamento [para a centro-direita] pode provocar uma crise entre a estrutura partidária e o governo, com sérias consequências para a sociedade."
Garotinho defende que as posições divergentes devem ser discutidas entre os aliados do governo, e não na oposição. Ele ressalta três pontos de discordância com o governo: a manutenção da política econômica de FHC, as reformas e a relação do PT com os aliados.
Faz um balanço da campanha e da história do PT para mostrar que o partido está abandonando teses defendidas no passado. Cita como exemplo um projeto do então deputado José Dirceu convocando plebiscito sobre o não-pagamento da dívida externa: "Quero dizer claramente a ele [Arraes] que eu não quero deixar o partido, mas que eu vou solicitar que o partido me libere para eu expressar as minhas opiniões divergentes sobre a forma como o governo vem conduzido a economia".


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