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PARTIDOS
Ex-governador vai entregar sua defesa à Executiva Nacional do PSB
Garotinho procura evitar expulsão
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
Ameaçado de expulsão do PSB,
o secretário de Segurança do Rio,
Anthony Garotinho, decidiu jogar todas as suas fichas para continuar no partido. Ele informou
que pretende entregar sua defesa
ao presidente do PSB, Miguel Arraes, antes da reunião da Executiva Nacional do partido, que tratará do assunto, na quinta-feira.
Eles não se falam há mais de um
mês. Arraes anda irritado com as
críticas de Garotinho ao governo
Lula, do qual o PSB faz parte. Ontem, em entrevista à Folha, o ex-governador acusou o PT de tentar
antecipar "prematuramente" a
campanha de 2006, dando a entender que os petistas estariam
por trás da tentativa de expulsão.
"O PT quer prematuramente
deflagrar a campanha eleitoral. Isso é um equívoco." Garotinho diz
que não é candidato à sucessão de
Lula e que ainda tem mais três
eleições presidenciais pela frente
antes de querer novamente sair
candidato: "Eu só tenho 43 anos",
disse. Ele insiste que não quer deixar o partido, mas quer ter liberdade para expressar suas opiniões
pontuais contrárias ao governo.
Garotinho disse que seu documento é "um alerta" ao governo
Lula, que está se tornando "refém" de forças de centro-direita.
Para Garotinho, tal "deslocamento de Lula" poderá trazer "grande
frustração na população".
"Embora Lula tenha obtido no
segundo turno, a votação que teve, exatos 61,3% dos votos, todos
os candidatos a governador do
PT, eleitos e derrotados, somaram
apenas 34% da votação. Ou seja:
isso mostra que Lula não é o PT e
que é preciso tomar muito cuidado porque esse deslocamento
[para a centro-direita] pode provocar uma crise entre a estrutura
partidária e o governo, com sérias
consequências para a sociedade."
Garotinho defende que as posições divergentes devem ser discutidas entre os aliados do governo,
e não na oposição. Ele ressalta três
pontos de discordância com o governo: a manutenção da política
econômica de FHC, as reformas e
a relação do PT com os aliados.
Faz um balanço da campanha e
da história do PT para mostrar
que o partido está abandonando
teses defendidas no passado. Cita
como exemplo um projeto do então deputado José Dirceu convocando plebiscito sobre o não-pagamento da dívida externa: "Quero dizer claramente a ele [Arraes]
que eu não quero deixar o partido, mas que eu vou solicitar que o
partido me libere para eu expressar as minhas opiniões divergentes sobre a forma como o governo
vem conduzido a economia".
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