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Nova punição a Rainha expõe racha no MST
DA AGÊNCIA FOLHA, PRESIDENTE EPITÁCIO (SP)
A proibição, feita neste mês
pela direção nacional do MST
(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), de o líder sem-terra no Pontal do Paranapanema, José Rainha Jr.,
falar em nome da entidade traz
à tona um racha político no
MST. O movimento se divide
em dois grupos -"nordestinos" e "sulistas"- com divergências sobre como se comportar no governo Lula.
Essa divisão já era evidente
há um ano, quando da primeira punição a Rainha Jr.. Com a
posse de Lula, o racha ficou
mais nítido entre os "sulistas",
que direcionam o movimento
para uma "base informal" de
sustentação do governo Lula, e
os "nordestinos", que desejam
o MST na luta pela terra, como
movimento social autônomo
do governo petista.
A participação do grupo "sulista" na indicação do ministro
da Reforma Agrária, Miguel
Rossetto, nas indicações de nomes para as superintendências
estaduais do Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e de nomes para conselhos do governo federal é para os "nordestinos"
uma prova de que o MST pode
virar uma base de sustentação
do governo federal.
Essa disputa interna aparece
para a opinião pública como
uma disputa entre Gilmar
Mauro, pelos "sulistas", e José
Rainha Jr., pelos "nordestinos", mas evidencia uma grave
crise de identidade do movimento, surgido para questionar o governo e que hoje hesita
entre a luta pela terra e a governabilidade de Lula.
A disputa entre os dois grupos na região do Pontal do Paranapanema sintetiza uma crise nacional opondo nomes importantes do movimento, como João Pedro Stedile e Ademar Bogo, esse hoje simpático
ao grupo "nordestino" que
conta com lideranças como Jaime Amorim (PE), João Daniel
(SE), José Roberto (AL) e Valmir Assunção (BA).
(JOSÉ MASCHIO)
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