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São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2003

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Nova punição a Rainha expõe racha no MST

DA AGÊNCIA FOLHA, PRESIDENTE EPITÁCIO (SP)

A proibição, feita neste mês pela direção nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), de o líder sem-terra no Pontal do Paranapanema, José Rainha Jr., falar em nome da entidade traz à tona um racha político no MST. O movimento se divide em dois grupos -"nordestinos" e "sulistas"- com divergências sobre como se comportar no governo Lula.
Essa divisão já era evidente há um ano, quando da primeira punição a Rainha Jr.. Com a posse de Lula, o racha ficou mais nítido entre os "sulistas", que direcionam o movimento para uma "base informal" de sustentação do governo Lula, e os "nordestinos", que desejam o MST na luta pela terra, como movimento social autônomo do governo petista.
A participação do grupo "sulista" na indicação do ministro da Reforma Agrária, Miguel Rossetto, nas indicações de nomes para as superintendências estaduais do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e de nomes para conselhos do governo federal é para os "nordestinos" uma prova de que o MST pode virar uma base de sustentação do governo federal.
Essa disputa interna aparece para a opinião pública como uma disputa entre Gilmar Mauro, pelos "sulistas", e José Rainha Jr., pelos "nordestinos", mas evidencia uma grave crise de identidade do movimento, surgido para questionar o governo e que hoje hesita entre a luta pela terra e a governabilidade de Lula.
A disputa entre os dois grupos na região do Pontal do Paranapanema sintetiza uma crise nacional opondo nomes importantes do movimento, como João Pedro Stedile e Ademar Bogo, esse hoje simpático ao grupo "nordestino" que conta com lideranças como Jaime Amorim (PE), João Daniel (SE), José Roberto (AL) e Valmir Assunção (BA). (JOSÉ MASCHIO)


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