São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 2005

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"Prisão é ferida difícil de cicatrizar", diz Hummel

CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA

Afastado por 60 dias do Ibama, Antonio Carlos Hummel, 50, está em Santarém (PA) para "esfriar a cabeça" após sua prisão -e posterior soltura- pela Operação Curupira. Leia entrevista à Folha.
 

Folha - O senhor sabe por que foi preso?
Antonio Carlos Hummel -
Não [...] Nós temos sérios problemas nos sistemas de controle da atividade madeireira. A gente sabe que há operações clandestinas. Ainda existiam, nas gestões anteriores, aprovações de planos de manejo em áreas indígenas, em unidades de conservação e em terras públicas. Quando eu assumi, tomamos uma série de providências para evitar essas coisas.

Folha - O sr., como responsável pelo sistema que concede Autorizações para Transporte de Produtos Florestais, poderia ter feito o quê para evitar a fraude?
Hummel -
Primeiro, foi meta da nossa gestão acabar com ATPFs. Já desenvolvemos e já estamos para passar por licitação dois sistemas que operariam on-line e sem emissão de ATPF.

Folha - Qual foi a justificativa para a sua detenção?
Hummel -
A justificativa do procurador foi que eu estaria sendo omisso em não combater a exploração ilegal de madeira em Mato Grosso e ter planos de manejo em área indígena e em unidade de conservação. Não é verdade. Primeiro, eu não sou a autoridade competente para aprovar planos de manejo, são os gerentes dos Estados. Depois, na minha gestão, todos os planos de manejo que identificamos em áreas indígenas e terras públicas foram cancelados. Todas as medidas para coibir irregularidades foram tomadas.
Eu conversei com ele, foi uma coisa equivocada. Em tese, ele acha o seguinte: se tem um problema ambiental e aquela autoridade não deu conta do assunto, ela é responsável e tem de ser presa. Imagina se isso pega no país? O Ministério Público precisa ter diagnósticos mais adequados. Com diagnósticos equivocados se cometem injustiças tremendas.

Folha - O sr. entrará com ação ou representação contra o órgão?
Hummel -
O importante era o reconhecimento. [...] Mas acho importante que essa ação exista.

Folha - O sr. continua no cargo?
Hummel -
Eu vou avaliar profissionalmente se eu continuo lá. Essas coisas deixam ferida que não cicatriza assim tão fácil.


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