São Paulo, domingo, 23 de julho de 2000


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CASO TRT
Maior número de elementos ligando o ex-senador ao ex-juiz fez com que Eduardo Jorge ficasse "embaixo do tapete"
Foco de CPI em Luiz Estevão desviou atenção sobre EJ

DA REPORTAGEM LOCAL

A CPI do Judiciário priorizou a investigação sobre as relações do ex-senador Luiz Estevão com a construção superfaturada do Fórum Trabalhista de São Paulo em detrimento de Eduardo Jorge Caldas Pereira por ter encontrado farta documentação ligando o Grupo OK, de Estevão, com as empresas de Fábio Monteiro de Barros Filho, oficialmente o responsável pelo prédio.
Além disso, investigar Luiz Estevão e Eduardo Jorge ao mesmo tempo poderia causar problemas políticos à comissão, pois dois dos maiores partidos do Congresso, respectivamente o PMDB e o PSDB, os defendiam.
O líder do governo no Congresso, deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM), foi à tribuna defender Jorge quando foi veiculada a notícia dos telefonemas, enquanto o presidente do PMDB, Jader Barbalho (PA), liderava a escolta política de Estevão.
Quando a CPI abriu seus trabalhos, em abril do ano passado, a primeira informação de envolvimento de alguém de Brasília com a obra, porém, recaía sobre o ex-assessor do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Cheguei a preparar um requerimento para convocar Eduardo Jorge para depor", disse à Folha o senador José Eduardo Dutra, autor da maioria dos requerimentos da CPI do Judiciário.
"Ao mesmo tempo em que apareceram os telefonemas do ex-juiz para Eduardo Jorge, encontramos não só telefonemas, mas também cheques para empresas de Luiz Estevão. E havia pessoas, ex-funcionários de Estevão, dando informações detalhadas, o que não aconteceu com Jorge", disse.
Segundo ele, o passo seguinte foi "priorizar o alvo". "Havia mais elementos de convicção para investigar Luiz Estevão. Então fomos deixando Eduardo Jorge embaixo do tapete, esperando que surgisse mais alguma coisa. Mas só apareceram os telefonemas."
Um dia antes do depoimento do ex-genro do ex-juiz Nicolau, Marco Aurélio Gil de Oliveira, toda a CPI soube que alguém próximo do presidente ajudava a liberar verbas para a obra, da qual foram desviados R$ 169 milhões.
Era praxe na CPI submeter as testemunhas a depoimentos prévios, colhidos por assessores do Senado e membros da comissão, que serviam de base para as perguntas dos senadores.
Em uma conversa que durou uma noite inteira e parte da madrugada seguinte, Oliveira disse a eles que chegariam "pertinho do presidente FHC" se investigassem as ligações do ex-juiz.
Esses mesmos assessores chegaram a procurar rastros de Eduardo Jorge e de outros senadores que haviam sido contatados pelo ex-juiz nas relações remetidas pelos bancos após a quebra do sigilo bancário do ex-juiz. Mais uma vez, só encontraram as empresas de Estevão. (FLÁVIA DE LEON)


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