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CASO TRT
Maior número de elementos ligando o ex-senador ao ex-juiz fez com que Eduardo Jorge ficasse "embaixo do tapete"
Foco de CPI em Luiz Estevão desviou
atenção sobre EJ
DA REPORTAGEM LOCAL
A CPI do Judiciário priorizou a
investigação sobre as relações do
ex-senador Luiz Estevão com a
construção superfaturada do Fórum Trabalhista de São Paulo em
detrimento de Eduardo Jorge Caldas Pereira por ter encontrado
farta documentação ligando o
Grupo OK, de Estevão, com as
empresas de Fábio Monteiro de
Barros Filho, oficialmente o responsável pelo prédio.
Além disso, investigar Luiz Estevão e Eduardo Jorge ao mesmo
tempo poderia causar problemas
políticos à comissão, pois dois dos
maiores partidos do Congresso,
respectivamente o PMDB e o
PSDB, os defendiam.
O líder do governo no Congresso, deputado Arthur Virgílio
(PSDB-AM), foi à tribuna defender Jorge quando foi veiculada a
notícia dos telefonemas, enquanto o presidente do PMDB, Jader
Barbalho (PA), liderava a escolta
política de Estevão.
Quando a CPI abriu seus trabalhos, em abril do ano passado, a
primeira informação de envolvimento de alguém de Brasília com
a obra, porém, recaía sobre o ex-assessor do presidente Fernando
Henrique Cardoso.
"Cheguei a preparar um requerimento para convocar Eduardo
Jorge para depor", disse à Folha o
senador José Eduardo Dutra, autor da maioria dos requerimentos
da CPI do Judiciário.
"Ao mesmo tempo em que apareceram os telefonemas do ex-juiz
para Eduardo Jorge, encontramos
não só telefonemas, mas também
cheques para empresas de Luiz
Estevão. E havia pessoas, ex-funcionários de Estevão, dando informações detalhadas, o que não
aconteceu com Jorge", disse.
Segundo ele, o passo seguinte
foi "priorizar o alvo". "Havia mais
elementos de convicção para investigar Luiz Estevão. Então fomos deixando Eduardo Jorge embaixo do tapete, esperando que
surgisse mais alguma coisa. Mas
só apareceram os telefonemas."
Um dia antes do depoimento do
ex-genro do ex-juiz Nicolau, Marco Aurélio Gil de Oliveira, toda a
CPI soube que alguém próximo
do presidente ajudava a liberar
verbas para a obra, da qual foram
desviados R$ 169 milhões.
Era praxe na CPI submeter as
testemunhas a depoimentos prévios, colhidos por assessores do
Senado e membros da comissão,
que serviam de base para as perguntas dos senadores.
Em uma conversa que durou
uma noite inteira e parte da madrugada seguinte, Oliveira disse a
eles que chegariam "pertinho do
presidente FHC" se investigassem
as ligações do ex-juiz.
Esses mesmos assessores chegaram a procurar rastros de Eduardo Jorge e de outros senadores
que haviam sido contatados pelo
ex-juiz nas relações remetidas pelos bancos após a quebra do sigilo
bancário do ex-juiz. Mais uma
vez, só encontraram as empresas
de Estevão.
(FLÁVIA DE LEON)
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