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OUTRO LADO
Diretor de sindicato de empresas alega desconhecimento técnico
DA REPORTAGEM LOCAL
O diretor-executivo do Selur
(Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São
Paulo), Ariovaldo Caodaglio, disse à Folha que não tem conhecimentos técnicos suficientes para
justificar a realização dos serviços
de varrição na cidade.
Ele afirma que as empresas
cumprem os contratos, mas diz
que "o cumprimento do que está
nos contratos deve ser fiscalizado
e exigido por quem contrata".
Caodaglio justifica o fato de a cidade estar suja dizendo que as
empresas não têm a condição de
determinar a frequência de varrição. "Existe uma diferença entre
considerar varrição executada e
rua limpa. São coisas distintas;
não é jogo de palavras."
O diretor-executivo do Selur
afirma que as empresas não podem ser responsabilizadas se, ao
término de uma varrição, a rua
está suja porque a população jogou lixo novamente. Ele rejeita relatos de moradores sobre a frequência da varrição e diz que, nesses casos, há um problema de
"confiabilidade da informação".
Como solução para o problema,
ele propõe que a remuneração das
empresas seja feita com base em
índices de limpeza, em vez de frequência de varrição.
Caodaglio diz que "o serviço de
varrição é um serviço desnecessário". Isso porque não seria preciso
limpar as ruas se a população não
as sujasse. "Sem adotar nenhum
tipo de campanha para que haja
redução da sujeira do espaço público, você não está fazendo um
serviço essencial." Caso esse trabalho fosse feito, "os valores gastos com a varrição poderiam ser
usados em outras necessidades".
Na véspera da entrevista com o
diretor-executivo do Selur, a Folha solicitou ao sindicato que fornecesse o número de funcionários
atualmente empregados na varrição de ruas. Caodaglio, porém,
não tinha a informação. "Acho
que isso é uma falha."
Ele diz que não houve alteração
significativa do número de funcionários entre o segundo semestre de 1997 e junho de 1999, quando a varrição de calçadas foi paralisada. Então, segundo ele, teriam
sido demitidos entre 1.200 e 1.300
funcionários.
Caodaglio diz que a varrição de
calçadas em São Paulo começou
na década de 1980 e que o aditamento ao contrato foi feito "em
razão da necessidade que o poder
público teve de resolver a sujeira".
Sobre a ilegalidade do contrato,
o diretor do Selur diz que "não cabe" a ele responder. "As empresas
executaram o trabalho. A forma
de contratação não tem que ser
discutida no Selur."
"Assunto interno"
Caodaglio afirma que o sindicato não discute os pagamentos de
propina que teriam sido feitos pelas empresas. "Qualquer coisa
que se refere a irregularidades, o
sindicato considera que é assunto
interno da empresa e não emite
juízo de valor."
"O sindicato não é um órgão
que tenha um selo de qualidade
que diga se o comportamento das
empresas está sendo objeto de alguma coisa positiva ou negativa."
Em relação à entrevista de Carlos Alberto Venturelli (acima),
Caodaglio disse que "as afirmativas exigem comprovação de veracidade".
Ele nega que as empresas recolham entulho com o lixo domiciliar. "Acho estranho, porque o entulho colocado no caminhão
compactador deteriora e reduz a
vida útil do equipamento".
Por volta das 14h da última sexta-feira, a reportagem procurou
as três empresas que prestavam
serviços de varrição entre janeiro
de 1997 e junho e 1999, e mantém
vínculo com a prefeitura: Enterpa,
Vega e Cliba.
A assessoria de imprensa da Enterpa informou que a empresa somente se manifesta por meio do
Selur. Informou ainda que o presidente da empresa, Roberto Rocha, não estava em São Paulo.
Segundo a assessoria, Rocha
não poderia comentar as afirmações sobre pagamento de propina
que fez no ano passado porque
naquela época ele trabalhava para
a Enterpa Engenharia e, hoje, ele
preside a Enterpa Ambiental. As
empresas têm donos diferentes.
O presidente da Vega, Carlos
Vila, não ligou de volta para a Folha após recado deixado com a secretária dele. O mesmo ocorreu
com o assessor de imprensa da
empresa, Mauro Lopes.
A assessoria de imprensa da Cliba informou que não havia nenhum técnico capaz de falar sobre
o assunto na empresa.
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