|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mello diz ser contra
privilégio a juízes
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Celso
de Mello, disse à Folha que, a
exemplo dos demais servidores
públicos, os juízes devem ser enquadrados nas normas previstas
na reforma da Previdência.
"No momento em que a sociedade se une em um esforço solidário para superar uma crise estrutural que afeta a economia, não me
parece justo que determinadas categorias, quaisquer que sejam,
pretendam tratamento seletivo."
Com a declaração, Mello firma
publicamente posição contrária à
de grande parte dos magistrados.
As entidades de classe preparam
pressão política pela exclusão dos
juízes da reforma previdenciária.
Na última quarta, ele conversou
com o presidente Fernando Henrique Cardoso sobre esse assunto.
No encontro, criticou a manutenção de privilégio a parlamentares
federais, ministros e militares.
FHC não se comprometeu com a
tese, respondendo que qualquer
mudança depende do Congresso.
O que está em jogo é a perda do
direito da aposentadoria integral
para os servidores que recebem
mais de dez salários mínimos, inclusive juízes. A partir desse valor,
será aplicado um redutor.
Ele procurou FHC atendendo a
um pedido da maioria dos ministros do STF, que concorda com o
desejo dos juízes de tratar a magistratura como carreira específica.
O tema tinha sido discutido, antes, pelos ministros do STF em
reunião administrativa. Dos 11
presentes, só Marco Aurélio de
Mello concordou com o presidente do STF. Para os demais, a redução da aposentadoria torna mais
vulnerável a atividade do juiz, viola a autonomia do Judiciário e desestimula o ingresso na carreira.
A Folha apurou que Mello rejeitou ser porta-voz da magistratura
em defesa de interesses que considera corporativos. Ele recusou
convite para participar de um encontro dos presidentes dos Tribunais de Justiça sobre as reformas,
que termina hoje em Manaus.
O presidente interino do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro Pádua Ribeiro, acabou assumindo o papel de defensor dos direitos ameaçados dos juízes.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|