São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997.



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RUMO A 98
Presidente pede que ministros não divulguem 'projetos, maquetes ou intenções', mas apenas 'obras prontas'
FHC quer congelar gastos com publicidade

da Sucursal de Brasília

O governo prometeu ontem não aumentar a sua verba de publicidade em 98, o ano da campanha eleitoral e em que o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso deverá disputar a reeleição. A promessa foi anunciada pelo porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, ao final de mais uma reunião de avaliação do programa Brasil em Ação.
Durante a reunião FHC determinou aos ministros que não divulguem "projetos, maquetes ou intenções". Eles devem apenas comunicar o que "está feito, obras prontas".
Segundo Amaral, a despesa do governo, excluídas as empresas estatais, não poderá ultrapassar R$ 120 milhões -valor investido, segundo ele, em 96.
Na prática, isso significa apenas congelar os gastos do governo com publicidade, deixando de fora os investimentos das estatais que sustentam boa parte das campanhas encomendadas pelo Planalto.
"Justamente por ser um ano eleitoral, o presidente quer que a verba de publicidade do ano que vem seja menor do que a deste ano e assim vai ser. O que se quer é que o executado no ano que vem não passe de R$ 120 milhões", disse.
Este ano, o setor público deve gastar cerca de R$ 500 milhões em publicidade. Desse total, aproximadamente R$ 300 milhões vêm do governo federal, sendo R$ 120 milhões da administração direta e R$ 180 milhões das estatais.
Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobrás, por exemplo, adotam temas publicitários que não se referem diretamente a seus produtos, mas falam das vantagens do Plano Real.
A reunião convocada por FHC para discutir o assunto durou 45 minutos e aconteceu no Palácio da Alvorada. Participaram oito ministros, o porta-voz e os presidentes do BNDES, Luís Carlos Mendonça de Barros, do Banco do Brasil, Paulo César Ximenes, e da Caixa Econômica Federal, Sérgio Cutolo.
A decisão do governo coincide com o projeto de lei eleitoral em discussão na Câmara. O relator da nova lei, Carlos Apolinário (PMDB-SP), determinou em seu relatório, ainda não aprovado pelo Congresso, que o governo não pode gastar com publicidade em 98 mais do que a média do que foi investido nos três anos anteriores.
Segundo o porta-voz, para reduzir os gastos com publicidade o governo vai "remanejar" e "cortar" verbas previstas anteriormente. "Há um remanejamento em que alguns perdem e perdem muito", afirmou Amaral.
Como exemplos, ele citou o Banco Central e o Ministério da Indústria e Comércio. Juntos, eles terão R$ 20 milhões cortados de seus orçamentos com publicidade.
Amaral disse que a proposta de redução de gastos com a publicidade vai ser inserida no Orçamento de 98 que será enviado ao Congresso.
Pesquisas
Além de anunciar a decisão de reduzir a verba publicitária, FHC usou a reunião no Alvorada para comemorar a "melhora considerável" no índice de aprovação do governo e do Plano Real apurado em pesquisa coordenada por Antonio Lavareda, consultor da Secretaria de Comunicação Social da Presidência.
Amaral disse que o índice de aprovação ficou em 55%, e o de reprovação, em 34%. O porta-voz não informou quando a pesquisa foi feita.
A última pesquisa, realizada este mês, apurou 41% de aprovação contra 39%, diferença de 2%.


Participaram da reunião os ministros Antonio Kandir (Planejamento), Iris Rezende (Justiça), Sérgio Motta (Comunicações), Carlos Albuquerque (Saúde), Eliseu Padilha (Transportes), Clóvis Carvalho (Casa Civil), Raul Jungmann (Política Fundiária) e Paulo Paiva (Trabalho).


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