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Itamar diz que vai se licenciar para apurar seus atos na Presidência
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governador de Minas Gerais,
Itamar Franco, vai se licenciar do
cargo para se dedicar exclusivamente ao rastreamento de todos
nos atos assinados por ele enquanto estava na Presidência.
"Vou rastrear tudo. Eu não sei o
que eles fizeram nas minhas costas", disse Itamar Franco, referindo-se ao decreto assinado por ele
no último dia do seu governo liberando R$ 800 mil para a obra irregular do TRT (Tribunal Regional
do Trabalho) de São Paulo.
Durante 15 dias Itamar pretende rastrear todos os órgãos da
Presidência, especificamente os
ministérios da Fazenda e do Planejamento, a Secretaria do Tesouro, o Serpro (Serviço Federal de
Processamento de Dados) e a Caixa Econômica Federal.
Itamar Franco está desconfiado
de atos de corrupção durante o
seu governo. "Esse rastreamento
será penoso por ver tanta ingratidão, tanta bandalheira, tanta sujeira que pode ter sido feita na minha época", afirmou.
"Vou ter de vencer alguma máfia, mas provocado que fui quero
saber tudo, não apenas sobre o
decreto assinado por mim."
O decreto foi divulgado pelo ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) e pelo líder do governo
no Congresso, Arthur Virgílio
(PSDB-AM).
Ontem, Itamar Franco pediu ao
presidente da subcomissão, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o adiamento do seu depoimento para o dia 17 de outubro.
Inicialmente a exposição estava
marcada para 12 de setembro.
Ele afirmou que está encontrando dificuldades para ter acesso a
certos documentos em alguns órgãos federais -que não quis nomear. "O presidente não está me
deixando caminhar", afirmou.
Itamar afirmou que vai recorrer
à Constituição e que, se for necessário, vai entrar com um pedido
na Justiça (habeas data).
Itamar Franco disse que, durante a sua investigação, vai se dedicar com atenção ao Ministério da
Fazenda, principalmente no período de gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"O que aconteceu no Ministério
da Fazenda quando FHC assumiu
a pasta? Eu quero ver. Não sei."
Itamar Franco também criticou
o ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), que não
o recebeu para uma audiência anteontem. O ministro afirmou que
cancelou a audiência porque o governador disse que no governo
existia "corrupção endêmica".
(DANIELA NAHASS)
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