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Procuradores vão intimar EJ para
depor sobre nomeações de juízes
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal,
em Brasília, intimará o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo
Jorge para explicar, em depoimento, os critérios de escolha de
juízes para o Tribunal Regional
do Trabalho de São Paulo.
A escolha de juízes foi o motivo
apontado pelo próprio EJ para a
relação que manteve com o ex-juiz foragido Nicolau dos Santos
Neto na época em que cuidava da
obra superfaturada do TRT-SP.
A intimação do ex-ministro deverá ocorrer em até 30 dias e resulta de uma representação conjunta encaminhada ontem pela
CUT (Central Única dos Trabalhadores), pelo Sindicato dos
Bancários de São Paulo e pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
aos procuradores Guilherme
Schelb e Luiz Francisco de Souza.
O presidente FHC também é citado na representação. Segundo o
advogado Américo Lacombe, que
entregou a representação aos procuradores, o uso de critérios políticos fere os princípios constitucionais da igualdade e da "separação de poderes".
"Ao nomear juízes por critérios
políticos, o sr. presidente da República afrontou o princípio da
separação dos poderes e atentou
contra o livre exercício do poder
Judiciário, praticando, em tese,
crime de responsabilidade previsto no artigo 85 da Constituição",
escreveu Lacombe na representação. O documento tem como base
notícias de jornais.
"Se Eduardo Jorge, diante dos
procuradores, disser que mentiu
no depoimento do Senado, ele
salva o presidente Fernando Henrique", afirmou Lacombe. "Mas
se ele confirmar o que já disse, sofrerá ação por improbidade administrativa, na qual o presidente
poderá ser considerado co-autor,
bem como responder por crime
de responsabilidade por fazer nomeações com critérios políticos."
Para convocar o presidente a
prestar esclarecimentos, os procuradores precisam de uma
orientação especial da própria
Procuradoria Geral da República.
O artigo 115 da Constituição garante ao presidente a prerrogativa
de nomear os juízes de tribunais
mediante escolha em lista tríplice.
O texto constitucional não trata
dos critérios que devem ser seguidos pelo presidente.
"Os membros do Judiciário não
podem ser escolhidos porque
concordam com a filosofia jurídica do governo", diz o procurador
Schelb, sobre nomeações que teriam usado como critério o apoio
de juízes ao Plano Real.
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