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CORUMBIARA
José Viana Alves lamenta absolvição de PMs a pedido de promotor
Para procurador-geral, julgamento foi "desastroso"
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA
O procurador-geral de Justiça
de Rondônia, José Viana Alves,
disse que foi "desastroso" o resultado do julgamento dos dois primeiros oficiais da Polícia Militar
acusados pelo massacre de Corumbiara, absolvidos anteontem
pelo júri a pedido do promotor
Tarcísio Matos. Ainda serão julgados mais dois oficiais.
O promotor, responsável pela
acusação, afirmou durante o julgamento que não havia provas
contra os PMs denunciados pelo
massacre, ocorrido há cinco anos,
no qual morreram dez sem-terra
e dois policiais.
Ele criticou as evidências colhidas no processo, as ações dos
sem-terra e a Igreja Católica, por
apoiar movimentos de trabalhadores rurais.
"Foi uma surpresa total", disse o
procurador-geral. "Acho que deu
uma reviravolta no caso. Mudou
completamente a panorâmica."
Alves disse temer por uma tendência de absolvição dos outros
sete PMs e dos dois líderes dos
sem-terra, que ainda sentarão no
banco dos réus. Ele afirmou que a
decisão de Matos foi "isolada",
não representando a posição do
Ministério Público de Rondônia.
"Espero que isso não tenha influência sobre o trabalho do outro
promotor nos próximos julgamentos", afirmou.
O outro promotor é Cláudio
Wolf Harger, que, na semana passada, conseguiu a condenação de
dois dos três soldados que estavam no banco dos réus do fórum
criminal de Porto Velho (RO) pelos assassinatos de três sem-terra.
Apesar de não ter concordado
com a posição de Matos, o procurador-geral disse que o promotor
"tem toda autonomia" para agir.
Denúncia
Alves participou da elaboração
da denúncia do Ministério Público contra os PMs e os sem-terra.
Ele atuou em conjunto com o
promotor Elício de Almeida Silva,
da comarca de Colorado do Oeste. Ele disse que "há provas suficientes para condenar todos os
denunciados, PMs e sem-terra".
O procurador-geral de Justiça
prevê "uma forte reação" dos movimentos pró-sem-terra. "Politicamente, a coisa ficou complicada", disse.
Ele deverá receber hoje um protesto por escrito do Fórum em
Defesa das Vítimas de Corumbiara, integrado por movimentos ligados a sindicatos, à Igreja Católica e aos partidos políticos de esquerda, pedindo o afastamento
de Tarcísio Matos do caso.
Matos é o promotor que fará a
acusação aos sem-terra no julgamento de sexta-feira. Os sem-terra foram denunciados como participantes nas mortes dos dois policiais. Procurado pela Agência
Folha, Matos não se manifestou.
Ele não tem dado declarações desde que assumiu o caso e pretende
manter essa posição, segundo a
assessoria de imprensa do Ministério Público de Rondônia.
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