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Fim do milagre acelerou processo
da Sucursal de Brasília
Na ascensão dos militares adeptos da abertura política, a "A História Indiscreta da Ditadura e da
Abertura" explora o dilema do regime que se defrontou, a partir de
1973, com o esgotamento do milagre econômico.
O livro contextualiza a primeira
crise do petróleo, em 73, quando o
Brasil era o terceiro importador
mundial, com as articulações na
caserna e a consolidação do prestígio dos irmãos Geisel (Ernesto e
Orlando) nas Forças Armadas.
O fim do milagre torna dominante nos meios militares o grupo
favorável à abertura, que vai buscar Ernesto Geisel no STM (Superior Tribunal Militar). Entregara-lhe, primeiro, a presidência da
Petrobrás sob condições que ele
mesmo impusera -funcionaria
como empresa autônoma, sem interferência do Ministério das Minas e Energia.
Na prática, sob a direção de Geisel, a Petrobrás funcionava como
um ministério dentro do ministério. Depois da estatal, a Presidência da República. O irmão Orlando, enquanto o Ernesto exalava
poder de planejador econômico,
era o senhor das armas. Era amigo
do presidente Médici.
Segundo Costa Couto, Orlando
era, na época, um dos militares
mais respeitados e, por causa da
saúde abalada, tinha desestimulado qualquer articulação em torno
do seu nome para a Presidência.
"Os militares não podem ser
encarados como um bloco monolítico", diz Couto, que explora o
lado fortuito da vida -como a
saúde de Orlando Geisel- na definição de nomes que comporiam
o poder militar e a abertura.
Um exemplo: a perna quebrada
do general Dilermando Monteiro,
o convidado de Geisel para a chefia da Casa Militar, fez de Hugo
Abreu o eleito para o cargo.
Tancredo gravita na "História
indiscreta" e é personagem de um
bom "causo" no livro.
Lamentando a cassação do deputado Chico Pinto (MDB-BA),
Tancredo é aparteado por um governista na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
"O caso do Chico Pinto é completamente diferente dos outros.
Foi o Supremo Tribunal Federal
quem mandou cassar. Não o
AI-5", diz o governista.
Tancredo devolve: "O amigo me
faz lembrar uma coisa acontecida
lá em São João del-Rei há alguns
anos. Foi no velório do vizinho de
um compadre meu. Morreu de
pneumonia, coitado. De madrugada, um parente dele chegou de
viagem e perguntou à viúva: "O
Zé morreu de pneumonia simples
ou dupla, Mariazinha?' "Simples',
respondeu ela chorando. E ele:
"Ah! Ainda bem'"
(RN)
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