São Paulo, Quinta-feira, 23 de Setembro de 1999
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CONGRESSO

Polícia Federal montou guarda nos arredores de apartamento em Brasília

Deputado passou o dia vigiado

VALÉRIA DE OLIVEIRA
free-lance para a Folha

Hildebrando Pascoal passou todo o dia de ontem sob vigilância da Polícia Federal, que montou guarda nos arredores do seu apartamento, na quadra 302 Norte, em Brasília, e do apartamento onde se refugiou durante a madrugada, na quadra 208 Sul.
Às 18h20, pouco antes da votação do pedido de cassação, Hildebrando deixou esse último apartamento, sozinho, caminhando na chuva até uma perua Towner, onde um motorista o aguardava.
"Eu não tenho nenhuma conversa com vocês. Minha conversa agora é com o Poder Judiciário", afirmou Hildebrando, em resposta a perguntas de jornalistas.
Lembrado de que estava recebendo uma oportunidade de se defender, respondeu: "Eu não quero essa oportunidade. Vocês passaram nove meses me batendo e agora querem me dar oportunidade de defesa?".
Questionado sobre o local para onde estava indo, Hildebrando afirmou, demonstrando crescente irritação: "Eu não tenho que dar satisfação a vocês".
Hildebrando, que não usava gravata nem paletó, tomou em seguida rumo ignorado.
A Folha apurou junto à PF que Hildebrando chegou à quadra 208 por volta de 1h30. De manhã, um de seus advogados, Eri Varella, disse a uma emissora de rádio que havia pedido asilo para seu cliente à Embaixada da Colômbia, mas que o pedido havia sido negado.
Ele disse então que recorreria às embaixadas do Paraguai, Peru, Bolívia e Suriname.
Informado dessa entrevista, o presidente da CPI do Narcotráfico, Magno Malta (PTB-ES), e a deputada Laura Carneiro (PFL-RJ), integrante da CPI, telefonaram para todas essas embaixadas e obtiveram a informação de que o asilo nem chegou a ser pedido.
Durante a discussão do pedido de cassação, a Folha ligou para o telefone celular do advogado Pedro Calmon, que também faz a defesa de Hildebrando.
O telefone foi atendido e deixado de lado por mais de meia hora, quando se podia ouvir a transmissão da discussão do pedido de cassação pela TV Câmara e um ou outro comentário por parte dos ouvintes, como a frase "estão chamando a gente", no momento em que a Mesa solicitou a presença dos advogados.
O relator da CPI, Moroni Torgan (PSDB-CE), disse pouco antes das 19h que Hildebrando estava em uma sauna e que se dirigiria em seguida para o Congresso.


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