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ESCUTA TELEFÔNICA
Quatro meses antes de prestar depoimento, envolvidos sabiam que seriam investigados pela PF
Inquérito do grampo vazou a suspeitos
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
Quatro meses antes de prestar
depoimento no inquérito do
grampo telefônico do BNDES, o
principal suspeito, Temílson Resende, agente da Subsecretaria de
Inteligência Militar da Presidência da República no Rio de Janeiro, soube que seu nome estava na
relação dos que seriam investigados pela Polícia Federal.
A lista dos suspeitos do delegado Rubens Grandini, que conduz
o inquérito, foi vazada de dentro
da Polícia Federal em dezembro.
Temílson teve seu telefone grampeado pelo delegado, com autorização judicial, em abril e só prestou depoimento no dia 29 daquele mês.
O major reformado do Exército
(ex-instrutor do DOI/CODI e do
extinto SNI) Divany Carvalho
Barros contou à Folha que soube
que seu nome estava na lista, juntamente com o de Temílson, no
mês de dezembro.
O major, que se diz amigo de
Temílson há 15 anos, pode ser
convocado para depor no inquérito.
A informação sobre os suspeitos, segundo ele, lhe foi passada
pelo engenheiro Paulo Renault,
de quem também é amigo, que estaria auxiliando nas investigações.
Segundo Barros, ele se encontrou com o engenheiro no Centro
de Informações da Secretaria de
Segurança Pública do Estado do
Rio, que, na ocasião, era chefiada
pelo coronel reformado do Exército Romeu Antônio Ferreira.
O coronel também atuou no extinto SNI e no DOI/CODI, onde
usava o codinome ""Dr. Fábio".
O coronel Ferreira, que deixou o
cargo na secretaria em março deste ano e está montando sua própria agência de investigação para
empresas, confirma o encontro
entre o major Barros e Renault ,
mas diz que o major não estava
entre os suspeitos, apenas Temílson. Confirma também que Renault auxiliou a Polícia Federal
nas investigações sobre o grampo
do BNDES.
Os nomes do major Barros, do
coronel Romeu Ferreira e de Renault constam do dossiê sobre a
indústria do grampo no Rio de Janeiro, apresentado à Justiça Federal por Célio Arêas Rocha, quando depôs, em sigilo, na última
quinta-feira.
Os três são apontados por Célio
Rocha como integrantes da indústria da espionagem, contra-espionagem e escuta telefônica.
Renault não quis falar sobre a investigação e disse ontem que
abandonou a área de informação
e que só se dedica ao hipnotismo.
A Folha apurou que foi um oficial aposentado do Exército, também ligado aos serviços de informação, que fez chegar às mãos do
delegado Rubens Grandini a lista
de supostos envolvidos pelo
grampo no BNDES.
A lista era encabeçada por Temílson Resende, que está com
prisão preventiva decretada pela
Justiça Federal e se encontra foragido desde sexta-feira.
O major Barros afirma que conheceu Temílson quando ambos
eram analistas de informações do
extinto SNI (Serviço Nacional de
Informações).
Disse que deixou o governo em
1985 e passou a fazer serviços para
empresas. Sua especialidade, segundo contou, é planejar a segurança pessoal de empresários.
O coronel Romeu Ferreira diz
que só faz escuta telefônica com
autorização judicial, mas se considera um dos maiores especialistas
da área de informações.
Em março último, quando deixou a chefia do Centro de Informações da Secretaria de Segurança do Estado do Rio, recebeu o diploma de ""Araponga do Ano" de
seus chefiados. O diploma está
pendurado na parede de seu escritório.
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