|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IMAGEM OFICIAL
Tucano vê "caráter promíscuo'; para Mercadante, FHC agia igual
Relação entre Duda e o PT vira polêmica no Senado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), criticou ontem o "caráter promíscuo" das relações entre o publicitário Duda
Mendonça, o Partido dos Trabalhadores e o governo Lula. "Falo
em promiscuidade, pois não sabemos onde termina o dinheiro
do PT e onde começa o dinheiro
do governo", disse.
Da tribuna, o tucano leu trechos
da entrevista do ministro Luiz
Gushiken (Comunicação de Governo e Gestão Estratégica) publicada pela Folha no domingo, segundo a qual o publicitário passará a ser uma espécie de "ministro
da propaganda". Gushiken afirmou que pretendia nomear Duda
como responsável pela coordenação e integração da publicidade
de todos os órgãos federais, inclusive os ministérios.
Virgílio também citou reportagem, publicada pelo jornal no
mesmo dia, sobre a relação de
Duda Mendonça com os então
prefeitos de São Paulo Paulo Maluf e Celso Pitta.
"Há muito tempo ele mistura as
coisas, presta serviços a Maluf, a
Pitta e faz contratos com a Prefeitura de São Paulo. Não se sabe se
por mero talento ou se por prestar
serviços ao poder. E aí está o caráter promíscuo, o caráter pouco
ético. É aí que começa a suspeita
sobre se é ou não decente essa relação entre o publicitário e os seus
patrões, o oficial ou o partidário."
O tucano citou que Duda é dono de uma das três agências de
publicidade que detêm a conta de
publicidade institucional do governo Lula e que, por ser titular da
conta, recebe honorários de 15%
sobre o valor do contrato.
Além desse, o líder citou outros
itens que comprovariam a "promiscuidade" na relação de Duda
Mendonça com o governo e o PT:
estar encarregado de cuidar de todo o marketing do governo Lula e
da imagem do PT, coordenar os
programas gratuitos na TV dos
candidatos do partido, sugerir temas a abordar pelos 450 candidatos e coordenadores de campanha petistas, escolher projetos de
administrações municipais e encomendar e analisar pesquisas sobre atos do governo.
"Misturar o marketing de Lula e
o do PT não é ético. Para mim, estamos diante de algo que beira o
escândalo", disse o tucano.
Defesa
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que a posição de Duda é a mesma ocupada pelo publicitário Nizan Guanaes no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Nizan também comandou
a campanha de José Serra (PSDB)
à Presidência no ano passado.
"No governo FHC, o Nizan fazia
a mesma coisa. Tem sido assim na
vida pública, como um médico,
um advogado, que você só contrata aquele que você tem confiança", afirmou.
O petista disse que "as empresas
de publicidade estão sendo contratadas para ajudar na política de
comunicação do governo", mas
que "tudo passa pela secretaria de
comunicação". "Quem define é o
ministro Luiz Gushiken."
O senador Romero Jucá
(PMDB-RR) também saiu em defesa da contratação de Duda
Mendonça. Ele considerou "injusto" o discurso de Virgílio. "Duda Mendonça é um dos publicitários mais respeitados do país. Se
eu estivesse em campanha, gostaria de tê-lo ao meu lado. Pela sua
seriedade, é uma das figuras que
têm condições de consolidar as
mudanças que o país precisa fazer", disse Jucá.
Ele defendeu a contratação de
Duda dizendo que houve lisura
no processo. "Qualquer irregularidade teria vindo à tona e maculado o processo licitatório"
Colaborou CAMILO TOSCANO, da Folha
Online, em Brasília
Texto Anterior: Governo pretende votar 2º turno da tributária amanhã Próximo Texto: Propaganda: Inquérito vai investigar as "reportagens" de Garotinho Índice
|