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São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2003

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Tucano vê "caráter promíscuo'; para Mercadante, FHC agia igual

Relação entre Duda e o PT vira polêmica no Senado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), criticou ontem o "caráter promíscuo" das relações entre o publicitário Duda Mendonça, o Partido dos Trabalhadores e o governo Lula. "Falo em promiscuidade, pois não sabemos onde termina o dinheiro do PT e onde começa o dinheiro do governo", disse.
Da tribuna, o tucano leu trechos da entrevista do ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo e Gestão Estratégica) publicada pela Folha no domingo, segundo a qual o publicitário passará a ser uma espécie de "ministro da propaganda". Gushiken afirmou que pretendia nomear Duda como responsável pela coordenação e integração da publicidade de todos os órgãos federais, inclusive os ministérios.
Virgílio também citou reportagem, publicada pelo jornal no mesmo dia, sobre a relação de Duda Mendonça com os então prefeitos de São Paulo Paulo Maluf e Celso Pitta.
"Há muito tempo ele mistura as coisas, presta serviços a Maluf, a Pitta e faz contratos com a Prefeitura de São Paulo. Não se sabe se por mero talento ou se por prestar serviços ao poder. E aí está o caráter promíscuo, o caráter pouco ético. É aí que começa a suspeita sobre se é ou não decente essa relação entre o publicitário e os seus patrões, o oficial ou o partidário."
O tucano citou que Duda é dono de uma das três agências de publicidade que detêm a conta de publicidade institucional do governo Lula e que, por ser titular da conta, recebe honorários de 15% sobre o valor do contrato.
Além desse, o líder citou outros itens que comprovariam a "promiscuidade" na relação de Duda Mendonça com o governo e o PT: estar encarregado de cuidar de todo o marketing do governo Lula e da imagem do PT, coordenar os programas gratuitos na TV dos candidatos do partido, sugerir temas a abordar pelos 450 candidatos e coordenadores de campanha petistas, escolher projetos de administrações municipais e encomendar e analisar pesquisas sobre atos do governo.
"Misturar o marketing de Lula e o do PT não é ético. Para mim, estamos diante de algo que beira o escândalo", disse o tucano.

Defesa
O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que a posição de Duda é a mesma ocupada pelo publicitário Nizan Guanaes no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Nizan também comandou a campanha de José Serra (PSDB) à Presidência no ano passado.
"No governo FHC, o Nizan fazia a mesma coisa. Tem sido assim na vida pública, como um médico, um advogado, que você só contrata aquele que você tem confiança", afirmou.
O petista disse que "as empresas de publicidade estão sendo contratadas para ajudar na política de comunicação do governo", mas que "tudo passa pela secretaria de comunicação". "Quem define é o ministro Luiz Gushiken."
O senador Romero Jucá (PMDB-RR) também saiu em defesa da contratação de Duda Mendonça. Ele considerou "injusto" o discurso de Virgílio. "Duda Mendonça é um dos publicitários mais respeitados do país. Se eu estivesse em campanha, gostaria de tê-lo ao meu lado. Pela sua seriedade, é uma das figuras que têm condições de consolidar as mudanças que o país precisa fazer", disse Jucá.
Ele defendeu a contratação de Duda dizendo que houve lisura no processo. "Qualquer irregularidade teria vindo à tona e maculado o processo licitatório"


Colaborou CAMILO TOSCANO, da Folha Online, em Brasília


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