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PROPAGANDA
Ex-secretário diz que não houve má-fé e que ele alertou TCE
Inquérito vai investigar as "reportagens" de Garotinho
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
O Ministério Público Estadual
instaurou inquérito civil ontem
para investigar o pagamento, pelo
governo estadual do Rio de Janeiro, como publicidade oficial, de
reportagens publicadas na imprensa. Segundo as promotoras
Cláudia Perlingeiro e Gláucia
Santana, da 4ª Promotoria de Justiça da Cidadania, há em tese ato
de improbidade administrativa.
O pagamento foi detectado pelo
Tribunal de Contas do Estado em
janeiro de 2000. O relatório apontou pagamento de R$ 118.750, em
valores da época, à Internad Publicidade Ltda. por quatro reportagens publicadas no "Jornal do
Brasil", em setembro de 1999,
conforme a Folha mostrou no último sábado. O valor foi pago como "despesas com publicidade".
Em janeiro de 2002, o então secretário de Comunicação Social,
Carlos Henrique Souza de Vasconcelos, o Peninha, mandou a
Internad devolver o dinheiro, o
que foi feito em 3 de abril.
Além de pagar pelas reportagens, a Secretaria de Comunicação Social, também na gestão de
Anthony Garotinho (1999 a abril
de 2002), gastou R$ 64,7 mil com
dois anúncios que defendem o
então governador de reportagens
contrárias à sua política de segurança. Os anúncios foram publicados nos principais jornais do
Rio em agosto e setembro de 1999.
O TCE considerou que o procedimento feriu a Constituição estadual, que proíbe a promoção pessoal de autoridades públicas em
publicidade oficial.
O dinheiro dos dois anúncios
em defesa da política de segurança de Garotinho, R$ 64.737,75,
também foi pago à Internad. O
material foi publicado em 26 de
agosto e em 24 de setembro de 99,
sob os títulos "Ao Povo do Rio de
Janeiro" e "A Segurança no Rio".
"As peças contêm declarações,
esclarecimentos e críticas manifestadas pelo governador do Rio
de Janeiro, que subscreve as referidas peças, impondo cunho pessoal às suas declarações", afirmam os auditores do TCE.
A inspeção do tribunal na Secretaria de Comunicação se restringe aos meses de agosto, setembro e outubro de 1999. Nesses
três meses, foram gastos com publicidade R$ 1,3 milhão. Sete
agências faziam a publicidade do
Estado. A Internad foi a que mais
recebeu recursos: R$ 653.575,51.
Outro lado
O ex-secretário de Comunicação Carlos Henrique Souza de
Vasconcelos disse ontem à Folha
que não tomou conhecimento da
inspeção do TCE e que foi ele
quem decidiu procurar o presidente do tribunal, José Graciosa,
para informar que havia irregularidade na prestação de contas da
Internad. A decisão de Peninha de
informar Graciosa e de pedir explicações à Internad ocorreu dois
anos depois da inspeção na Secretaria de Comunicação.
"Fizemos uma auditoria interna
e detectamos que reportagens haviam sido anexadas como sendo
peças publicitárias. Pedimos explicações à Internad e ela nos devolveu o dinheiro. Não houve dolo ou má-fé de ninguém", afirmou Peninha.
Ele disse que, quando era secretário de Comunicação, tinha o hábito de fazer auditorias de seis em
seis meses em sua secretaria. As
irregularidades identificadas pelo
TCE ocorreram em setembro de
1999, mas, segundo Peninha, nada foi encontrado naquele ano.
"Só identificamos o erro depois
que fizemos uma auditoria mais
profunda, no fim do governo."
O ex-secretário e o dono da Internad, Hayle Gadelha, disseram
desconhecer a irregularidade
apontada pelo TCE em relação
aos anúncios. Procurado, Garotinho disse que não comentaria.
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