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São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2003

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Promotoria investigará "acidente" sofrido por ex-perseguida política

DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público de São Paulo decidiu acompanhar o inquérito instaurado pela polícia para investigar o suposto acidente sofrido por Inês Etienne Romeu, 60, no último dia 11 de setembro, em São Paulo.
Inês Romeu, ex-bancária e militante de esquerda que foi presa e torturada nos anos 70, foi encontrada no apartamento em que mora sozinha com traumatismo craniano e ferimentos no rosto.
Ela foi levada à Santa Casa de Misericórdia, onde permanece sedada e inconsciente, respirando com a ajuda de aparelhos.
Segundo o promotor Carlos Cardoso, assessor de direitos humanos da Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo, o Ministério Público "achou conveniente apurar o fato", entre outras razões, ele diz, "pelo fato de ela ter sido militante política combativa".
Ele afirma que a polícia e o Ministério Público trabalham com duas hipóteses. "Ou se trata de acidente doméstico ou ela foi vítima de agressão", disse Cardoso.
O promotor afirmou que, embora se trate de um "acompanhamento", o Ministério Público estadual "não terá papel passivo" nas investigações.
"Se julgarmos necessário", ele diz, "poderemos desenvolver investigações autônomas".
Além da militância no passado de Romeu, Cardoso afirma que outros fatores influenciaram na decisão de acompanhar o caso. "Pessoas de expressão política me procuraram pedindo para acompanharmos", disse ele. Cardoso disse que, embora não tenham pedido sigilo, preferia não dizer que pessoas seriam essas.
Inês Romeu foi presa no dia 5 de maio de 1971, em São Paulo, pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. Ela exige na Justiça o reconhecimento de que foi mantida em cárcere privado por torturadores a serviço do governo.


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